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Ruptura e experimentação

Contestação, ruptura e experimentação. Estas foram inspirações norteadoras das primeiras experiências de videoarte, realizadas na década de 1960

Texto publicado na Revista SescTV, novembro/2013, edição 80

Em comum a estes trabalhos pioneiros havia embutida a crítica ao modelo vigente, à arte que está posta, à zona de conforto. A primeira geração de videoartistas estava em busca de novos olhares, ângulos e enquadramen- tos. Causava impacto pelo estranhamento e entendia a linguagem audiovisual não como meio, mas como fim. Esta escolha estava na abdicação da sequência narrativa dos vídeos e na negação das salas de cinema como espaço de fruição. Assim nascia a videoarte.

A ebulição social, cultural e política da década seguinte impulsionou e amplificou os trabalhos nessa área, atribuindo à videoarte um caráter subversivo. Os museus passam a ser questionados como espaços exclusivos de exposição das obras de arte e o público, compreendido como imprescindível à obra, passa a fazer parte da própria arte. Surgem as videoins- talações, a exemplo de Wipe Circle, de Ira Schnei- der e Frank Gilette, em que multi-monitores com- binavam imagens captadas do público com outras, pré-gravadas, e Video Fish, de Nan June Paik, um dos precursores da videoarte.

A videoarte alcança popularização nos anos de 1980 e 1990, quando se consolida a ideia de que a arte deve estar em qualquer lugar, nos espaços de passagem, ao ar livre. Videoartistas são contratados por emissoras de TV, suas obras chegam a um público maior. Neste contexto, em 1983, é realizada a primeira edição do festival Videobrasil, com curadoria e direção geral de Solange Farkas, dando visibilidade a este movimento cultural. Tendo o Sesc como correalizador desde 1992, o festival se tornou um espaço de debate e de trocas entre artistas, críticos e público.

Novas possibilidades tecnológicas ampliam as opções dos videoartistas, inclusive no trabalho de edição, que deixa de ser linear e passa a ser realiza- do com ajuda de softwares e programas digitais. O diálogo com outras artes, como o cinema, o teatro e as artes plásticas, e o uso da tecnologia digital geram novos debates sobre o que definiria a videoarte hoje. Neste mês, o Festival Internacional de Arte Contem- porânea Sesc_Videobrasil celebra 30 anos de ativida- des, tendo o SescTV como uma de suas plataformas de ação. O canal exibe sete programas que apresentam o percurso da videoarte no Brasil e discutem linguagem, tecnologia e novas possibilidades. Os episódios trazem depoimentos de videoartistas e outros profissionais que foram – e são – protagonistas desta história.