Sesc SP

Em sua quarta edição, encontro "Palhaços em Todo Lugar" reúne artistas para difundir a linguagem do palhaço e democratizar o acesso à arte. De 19 a 24|novembro no Sesc Ribeirão Preto

As cadeiras já estão enfileiradas e a caixa de som ligada. Já passa das 18h no calçadão de Ribeirão Preto e o público, em sua maioria comerciários que acabaram de sair do trabalho, não espera sentado e interage: a graça rola solta antes mesmo do espetáculo começar. As atividades não se restringem apenas à região central, intervenções, oficinas e espetáculos, que muitas vezes acontecem simultaneamente, espalham o riso por toda a cidade, dos parques e praças da região central aos bairros periféricos. É verdade, os palhaços estão em todo lugar.

A cena é parte de uma das muitas iniciativas do Grupo Zibaldoni em Ribeirão Preto. Formado pelos irmãos Lucas e Léo Santarosa e Neto Donegá em 2007, o grupo é um grande incentivador da arte circense e dos artistas de rua na cidade, organizando apresentações. Desde 2010, realiza em parceria com o Sesc o encontro "Palhaços em Todo Lugar", composto por espetáculos, intervenções, cortejos e oficinas. É o momento em que o Grupo Zibaldoni abre suas portas para receber artistas e companhias. "O encontro vem para difundir a linguagem do palhaço, é um espaço de intercâmbio e aprendizado", conta Lucas. Em 2013, o Encontro acontece entre os dias 19 e 24 de novembro. Entre os convidados estão Pepa Plana, referência mundial na comicidade feminina e o veterano Aziz Gual, que além de apresentar o virtuosismo de um palhaço profissional, ministra também a oficina "O Riso e a Carícia" (Confira a programação completa aqui).

O nome não poderia ser mais apropriado. A proposta é levar o palhaço para todo canto e para todo público, ultrapassando os limites do palco. “O palhaço por si só é o espetáculo”, explica Lucas, enumerando os lugares aos quais já levou a arte: "nestes quatro anos, o encontro já passou por hospitais, supermercados, ônibus...". Anna Casanova, a produtora do grupo, complementa: “até aeroportos e asilos, procuramos ir além do palco e da rua, espaços já tradicionais". A formação de público é importante: "já sabem que chegamos na hora, alguns já levam até cadeiras, somos esperados nas comunidade, levamos nossos convidados até lá." Lucas completa: "todo lugar é importante, da zona norte à zona sul. Queremos democratizar o acesso às artes, somos todos carentes de cultura”.

A mobilização entre os artistas está entre os êxitos do Encontro. "É uma rede que vai se estabelecendo, uma oportunidade de conhecer novas linguagens e artistas e estabelecer uma troca com grupos de outros lugares, de outros países. Durante os Encontros, recebemos artistas experientes, com 20, 30 anos de prática. Eles trazem novas ideias, que vão crescendo ao longo do tempo. Crescemos profissionalmente, descobrindo como viabilizar nosso trabalho, e crescemos também no âmbito artístico, de qualidade cênica".

Lucas relembra a oficina com o palhaço argentino Chacovachi, experiente artista de rua, na edição de 2011. "Foi o Chacovachi quem plantou essa ideia, de ocupar a nossa cidade. Muitos palhaços de Ribeirão participaram dessa oficina, e a partir dela nos mobilizamos para ocupar os espaços públicos com atividades frequentes. Hoje temos uma programação fixa, montamos uma agenda de apresentações que acontecem toda semana, de quinta a domingo, com a participação de vários grupos da cidade. Não tínhamos essa visão ainda, foi aí que reconhecemos a importância de formar novos artistas".

Na 3º edição do Encontro, uma novidade: foram abertas inscrições para que grupos de diversos estados fossem selecionados por edital e pudessem trazer à cidade a linguagem cômica do palhaço. "Muita gente surgiu desde que começamos este movimento. Os grupos mais experientes ajudam os que vão surgindo, é um grande coletivo, nossa intenção é integrar as novas frentes para formar uma cultura artística na cidade. O Encontro é a semana em que essa integração acontece mais intensamente". O grupo comemora os convidados desta edição, Pepa Plana (Espanha) e Aziz Gual (México): "estamos na expectativa, são palhaços que já rodaram o mundo".
 
Sobre a importância da presença do palhaço em todo lugar, Lucas resume “você não deixa uma marca definitiva, não consegue transformar uma vida, mas você transforma aquele momento. Enquanto você está ali, a realidade é outra. É isso que importa."