Sesc SP

Uma campanha como o Dia do Desafio, que objetiva estimular de forma simultânea o maior número possível de pessoas a praticar atividades físicas e esportivas, não pode deixar de lado o contexto em que essas práticas acontecem. Por isso, refletir sobre os espaços urbanos e a maneira como eles são ocupados é fundamental, e a humanização do trânsito é um dos pontos dessa reflexão.

Pensando nisso, inúmeros participantes da campanha no Brasil e no mundo promovem ações relacionadas à bicicleta, utilizando-a não só como ferramenta de transporte e lazer, mas também como meio de ocupar as ruas e reduzir a poluição nas cidades.
O CineSesc, por exemplo, em parceria com a empresa Eco Green, promoverá o “CineBike”, uma estrutura de bicicletas com tablets acoplados que permite ao usuário gerar energia enquanto pedala. “A pessoa escolhe em um menu de curtas-metragens qual filme quer assistir, pedala e a energia gerada faz o filme aparecer na tela. Além disso, atrás das bicicletas tem uns cabos pra deixar carregando celular, câmera etc, tudo isso com a mesma energia gerada pela pessoa”, explica Katia Caliendo, coordenadora da ação na unidade.

Segundo Katia, a atividade passa pela preocupação de oferecer ao público algo que motive a participação e efetivamente gere interesse. “Nós somos a única unidade do Sesc especializada especificamente em cinema, o nosso público é este, então por que não pensar em uma atividade física relacionada?”, ressalta. Para a coordenadora, uma atividade como essa, mais do que proporcionar um momento de lazer inusitado, estimula uma maior consciência sobre consumo e desperdício de energia. “Requer um esforço, não é que a pessoa pedale e o filme já apareça na tela, a ideia é mostrar como a gente consegue gerar energia se cada um fizer um pouco”.

Bogotá, na Colômbia, reconhecida mundialmente pelas transformações positivas geradas na cidade por meio da bike, preparou no ano passado uma atividade de aluguel gratuito de bicicletas. O IDRD (Instituto Distrital de Recreação e Deporte), realizador da campanha na cidade, disponibilizou 40 bicicletas na região central, permitindo às pessoas que se mobilizassem na Carrera Séptima, uma das avenidas de maior representatividade de Bogotá.

Maria Alice Zimmerman, da Secretaria Municipal de Educação, que coordena junto aos CEUs (Centros Educacionais Unificados) da capital a Escola de Bicicleta, um programa de iniciação ao uso da bicicleta, destaca a relação entre pedalar e viver melhor. “A bicicleta tem muito a ver com ir pra rua, conhecer a cidade, saber quem são seus vizinhos, ocupar os parques e as praças, porque estamos perdendo tudo isso na dinâmica da vida moderna. Eu tenho convivido muito com o pessoal desses movimentos e eles têm muito a ensinar sobre a simplicidade, sobre viver uma vida sem ostentação, uma vida mais feliz mesmo”, conta.