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O cinema de um país

O país que Nelson decidiu mostrar nas telas não é o mesmo dos cartões postais. O diretor trouxe um Brasil grande, com diversas faces, um país de favelas, secas, fome e artistas do povo

"Escrevi o roteiro do Rio,40 grais, mas não consegui produção, pois ninguém queria fazer um filme com personagens negros…"

O menino Nelson frequentava as matinês dominicais do Cine-Teatro Colombo, situada no Largo da Concórdia, bairro do Brás, cidade de São Paulo. O primeiro filme que lembra ter assistido, foi um velho-oeste cujo o nome não se lembra. O filho do alfaiate e da dona-de-casa cresceu, se tornou um dos grandes nomes do cinema internacional.

Seu primeiro longa-metragem, Rio, 40 graus, teve uma forte influência do cinema neo-realista italiano. A possibilidade de conhecer a favela no Rio de Janeiro, experimentar a "verdadeira feijoada carioca" e a roda de samba, inspirou o jovem cineasta. Após escrever o roteiro do filme, ele não conseguiu produção, "Escrevi o roteiro do Rio,40 graus, mas não consegui produção, pois ninguém queria fazer um filme com personagens negros…", relata Nelson, que decidiu fazer o longa com recursos próprios.

O filme lançou o sambista Zé Kéti, que fez todas as canções e serviu de inspiração para a história de outro longa, o Rio, Zona Norte, estrelado por Grande Otelo, que interpreta o sambista Espírito da Luz Soares. A trama se localizava no universo das rádios. Sua principal discussão travava questões culturais e artísticas brasileiras dos anos 1960. Rio, Zona Norte tem na sua narrativa a história de um sambista que tem suas composições roubadas por um homem oportunista. 

Seu sucesso, Vidas Secas, começa a ser construído em 1958, em Juazeiro da Bahia. Enquanto ocorria a seca conhecida como a "Seca de Jucelino", Nelson filmou cenas de socorro aos flagelados, e tentou escrever por várias vezes um roteiro, mas sem sucesso. Entre suas consultas, estava o livro Vidas Secas (de Graciliano Ramos), e só depois de muito tempo, pode perceber que Graciliano Ramos já havia escrito o roteiro inteiro para o filme que queria fazer. O filme recebeu o prêmio no Festival de Cannes (1964, França), o prêmio do OCIC (Organização Católica Internacional de Cinema) e o prêmio dos cinemas de arte e foi indicado à Palma de Ouro.

Com mais de vinte filmes rodados, em 2006, foi o primeiro cineasta eleito para integrar o grupo de imortais da Academia Brasileira de Letras. Ocupando a cadeira de número 7, seu patrono é Castro Alves.

Em Junho e Julho, o Sesc São Paulo realiza a “Mostra Nelson Pereira dos Santos”, que passa por três Unidades da capital e interior.

>> De olho nas lentes de Nelson Pereira dos Santos

Filmografia:

Diretor
A luz do Tom (2013)
A música segundo Tom Jobim (2011).
Brasília 18% (2006)
Raízes do Brasil, uma cinebiografia de Sérgio Buarque de Hollanda (2004)
Casa Grande e Senzala. Série de documentários para TV.
Meu compadre Zé Kéti (2001).
Cinema de lágrimas (1995)
A terceira margem do rio (1993)
Memórias do cárcere (1984).
Tenda dos milagres (1977).
O amuleto de Ogum (1974).
Quem é Beta? (1972)
Como era gostoso o meu francês (1970)
Azyllo muito louco (1969)
Jubiabá (1986)
Fome de amor (1968)
El justicero (1967)
Fala Brasília (1966). Curta-metragem.
O Rio de Machado de Assis (1965). Curta-metragem.
Vidas Secas (1964).
Mandacaru vermelho (1961)
Rio Zona Norte (1957)
Rio 40 graus (1955)

Produtor
A dama do lotação (1978), de Neville D’Almeida
O grande momento (1957), de Roberto Santos

Montador
Maioria absoluta (1964), de Leon Hirszman. Curta-metragem
Barravento (1962), de Glauber Rocha
Pedreira de São Diogo (1962), de Leon Hirszman. Curta-metragem

Fontes
Portal UOL Educação
Estudos Avançados
Filme B
Wikipedia

o que: O Cinema de um País
(Mostra Nelson Pereira dos Santos)
quando:

até 12 de julho

onde:

Sesc Belenzinho

Sesc Piracicaba

Sesc São Carlos