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Como ouvir jazz sem medo? Desmitificando a etiqueta de 'música difícil'

O jornalista e crítico musical Carlos Calado participaou de atividade em sete unidades Sesc durante o Jazz & Blues 2014, para mostrar a vertente popular do gênero

Penso que o jazz pode agradar a qualquer um. Você não precisa saber ler partituras ou tocar um instrumento para gostar de jazz. Comecei a ouvi-lo quando ainda era adolescente e, antes disso, ouvia muito rock. Um dos aspectos mais interessantes no universo do jazz é sua variedade de estilos, até porque ele sempre incorporou influências de outros gêneros, como o rock, o soul ou a música clássica”.

Antes de qualquer coisa, de qualquer pergunta, o jornalista e crítico musical Carlos Calado faz questão de começar o papo com a Eonline com essa fala acima. E frisa de novo: “O jazz pode agradar a qualquer um”.

Calado participou da 3ª edição do festival Sesc Jazz & Blues que aconteceu em 2014 em oito unidades Sesc no Estado de São Paulo, totalizando mais de 40 shows.

O jazz, de certa maneira, nas últimas décadas vem sendo cercado do mesmo preconceito que ronda a música erudita. Esses gêneros sofrem com um medo ou preconceito do público no sentido de que seriam ‘música difícil’. O jazz nasceu em Nova Orleans [Estados Unidos] e era ouvido nas ruas e nos bares, era uma música de essência popular. Ou seja, não pode ser revestida de elitista ou simplesmente ‘difícil’. Claro que, como na pintura ou na literatura, o jazz também possui um ou outro estilo mais difícil de ser assimilado, mas a maioria deles pode ser apreciada facilmente por qualquer ouvinte”, explica o jornalista.

Calado conta que o primeiro passo para quem quer se iniciar no jazz é muito simples: basta ouví-lo, se possível, ao vivo. “Quem vai a dois shows de um mesmo artista vai encontrar apresentações diferentes pela essência improvisada do gênero”, orienta, destacando que grande parte da música é criada na hora por meio da improvisação, uma característica extremamente popular.

É um método de composição instantânea”, emenda. “Existem, sim, doses de improvisação no blues, rock ou na música erudita, mas não é um processo tão radical como é com o jazz, e é essa arte que faz o gênero ser tão imprevisível”, enfatiza.

Carlos Calado é mestre em Artes pela USP. Como jornalista e crítico de música, escreve para a Folha de S. Paulo desde 1986, além de colaborar com outros veículos de imprensa. É autor da “Coleção Folha Clássicos do Jazz” (2008) e dos livros “O Jazz Como Espetáculo” (1990) e “Jazz ao vivo” (1989).

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