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Editorial

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Passamos por um momento de grandes definições e isto gera certo temor por parte de muitos setores que estão cada vez mais à margem das decisões. Vivemos iludidos e ansiosos à espera da realização de promessas e cumprimento de previsões. Corremos o risco de conceber a história como uma sequência linear. Esquecemo-nos de que ela é feita também de incertezas e acasos, e que somente sob esta concepção ela pode nos libertar da angústia gerada pelo determinismo dos fatos.

Não são apenas os valores que estão correndo perigo, mas o próprio termo civilização perdeu seu significado etimológico. Civilização, hoje, quer dizer guerras e massacres, violência nas grandes cidades e no campo, execução de crianças e prostituição de menores, intoxicação com substâncias radioativas, reatores nucleares, bombas atômicas.

A explicação do mistério da vida muda seus referenciais e escapa à lógica da razão. Entram em cena, com toda a credibilidade, os novos intérpretes do invisível e do imponderável, criando formas de um misticismo elegante. Proliferam livros esotéricos, pululam seitas e doutrinadores. Sacrifícios humanos são celebrados com rituais satânicos em plena luz do dia. É a teologia secularizada.

Tornou-se obsessão quantificar tudo: política, sexualidade, esportes, cultura etc., em detrimento da qualidade. Até mesmo a realidade cotidiana que pertence ao domínio do movediço, do mais ou menos, do impreciso é submetida às noções rígidas, exatas dos números.

Diante de tantas distorções, perguntamos: que destino está reservado às minorias em uma sociedade onde tantos conceitos são reformulados a partir de premissas discutíveis, sem que o consenso lhes dê o aval da legitimidade? Não somos apocalípticos nem apologistas do caos, mas também a crença ingênua de que estamos no caminho certo não faz parte de nossas convicções.