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Circuito Quilombola

Tacho de Farinha | Foto: Dalmir Ribeiro Lima - Sesc SP
Tacho de Farinha | Foto: Dalmir Ribeiro Lima - Sesc SP

A EOnline, por conta da realização do Festival deTurismo, convidou a historiadora Ângela Fileno, para contar um pouquinho mais sobre alguns dos roteiros do Brasileiro Que nem Eu, um eixo programático do programa de Turismo Social que busca desvendar territórios ao longo do País que não são conhecidos do turismo tradicional.

Estes roteiros acontecem durante o Festival, mas permanecem como opções na programação do Turismo Social realizado no Sesc em São Paulo. Aqui você conhece o universo do roteiro Circuito Quilombola, que visita as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. 

 

QUILOMBOS DO VALE DO RIBEIRA, um novo olhar

por Angela Fileno

Se estiver em uma das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira e for convidado a visitar uma casa de tráfico, não se assuste. As pequenas construções de pau a pique que geralmente abrigam um forno de barro e cestos de cipó, chamados tipitis, são comuns na região. Estas casas servem à produção da farinha de mandioca, ingrediente fundamental à rica e saborosa culinária local.

Ao participar do circuito de Turismo de Base Comunitária pelas comunidades de Mandira, Sapatu, Pedro Cubas, Ivaporunduva, André Lopes e São Pedro, abra seus sentidos ao diferente, aproveite a oportunidade de troca de conhecimentos e experiências. Procure estabelecer uma relação com o tempo que lhe permita jogar conversa fora. Conversa que pode ser regada pelo café caiçara, cujo pó é coado juntamente com o melaço da cana, o que acrescenta um sabor adocicado à bebida.

A culinária pode ser um interessante e prazeroso pretexto para uma boa prosa. É pelo diálogo com os moradores locais que se fica sabendo sobre a Recomendação das Almas, uma tradição específica da comunidade de Pedro Cubas, que é realizada ao longo da Quaresma, e que tem como ponto alto a Sexta-feira Santa, quando uma procissão percorre o vilarejo para, depois, se dirigir ao cemitério.

A interação com as pessoas que vivem nas comunidades quilombolas da região também revelam outras sociabilidades há muito perdidas entre os moradores dos grandes centros urbanos. Abrir um novo roçado, semear, colher, malhar o gado (ou juntar o gado) e barrear uma casa de pau a pique são, ainda hoje, atividades coletivas que demandam a participação de um conjunto de indivíduos maior do que o grupo familiar.

Nestas comunidades, quando alguém solicita ajuda sabe que, em retribuição, deverá oferecer ao final do dia um jantar regado à cachaça e animado por boa música. A paga pelo ajuntório (ou mutirão) é a festa. Nos momentos de comemoração e convivência os integrantes destas comunidades colocam em ação suas identidades e reforçam seus vínculos com o lugar e suas pessoas. Daí a importância das festas e dos trabalhos tradicionais tão presentes nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. 

O roteiro pelo circuito turístico dos quilombos do Vale do Ribeira é um convite à festa, ao encontro e à apuração do olhar.

 

Clique aqui para o download da versão completa do texto elaborado por Ângela Fileno por meio de uma extensa pesquisa sobre o tema.

 

 

 

 

 

O Festival de Turismo Brasileiro Que nem Eu é programação associada ao Congresso Mundial de Turismo Social 2014, e acontece de 03 a 19 de outubro em várias unidades do Sesc em São Paulo com viagens, oficinas, bate-papos e apresentações culturais que se inspiram em reflexões e experiências do turismo de base comunitária.

Você pode saber mais em http://sescsp.org.br/brasileiroquenemeu ou imprimir seu guia da programação no Issuu(abaixo) com todas as atividades.

Planeje seu roteiro e compartilhe com a gente os registros da sua viagem utilizando a hashtag #BrasileiroQueNemEu para fazer parte da nossa galeria colaborativa de imagens do turismo social. 

 

Quilombo de Ivaporunduva