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Brasileiro que nem eu ?

A vivência turística só será educativa se permitir aos sujeitos envolvidos a integração, o protagonismo e aprendizagem, concretizando o objetivo maior que é vivenciar os lugares (e não consumí-los), proporcionando momentos de convívio e (re)elaboração de conhecimentos sobre o Outro e sobre o Eu

A palavra identidade significa, ao “pé da letra”, a qualidade de idêntico.

O curioso é que, em sua aplicação individual, o conceito de identidade é aquilo que nos diferencia das demais pessoas por meio de um conjunto de caracteres particulares, tais como nome, data de nascimento, filiação, impressão digital. Mas, se pensarmos identidade no sentido coletivo, ela representa o conceito que nos aproxima, pois é o conjunto das características de um povo ou grupo de pessoas, oriundas da interação com os seus membros e com o mundo. São as tradições, a cultura, a religião, a música, a culinária, o modo de vestir, de falar... Enfim, de viver.

O turismo é uma das atividades que mais proporcionam o encontro, a vivência e a descoberta da diversidade que compõe os locais e suas paisagens, e que são sobretudo humanas. Os países, as cidades, os lugares, são paisagens onde se materializam vidas, culturas e experiências. 

A experiência turística pode transcender o descanso e a contemplação, propiciando momentos de relações sociais?

A vivência turística só será educativa se permitir aos sujeitos envolvidos a integração, o protagonismo e a aprendizagem, concretizando ensaios práticos cujo objetivo maior é vivenciar os lugares (e não consumí-los), proporcionando momentos de convívio e (re)elaboração de conhecimentos sobre o Outro e sobre o Eu.

Poucos países no mundo passaram por uma miscigenação tão intensa quanto o Brasil. Isso ocorreu em razão da mistura de inúmeras raças que favoreceram a formação do povo brasileiro, os povos indígenas, os imigrantes africanos, europeus, asiáticos, dentre muitos outros. Tendo em vista essa diversidade, o resultado só poderia ser uma grande riqueza cultural, onde encontramos inúmeras festas, costumes, pratos típicos, sotaques e tradições.

Nesta essência do encontro é que desponta a identidade do povo brasileiro. Numa afirmação antagônica do diverso e do único que nos faz enxergar em rostos, sotaques e culturas tão diferentes a face familiar que nos aproxima e inspira dizer, como o poeta, escritor e folcorista Mário de Andrade em seu poema Descobrimento: esse homem é brasileiro que nem eu!

Turismo inspirado em ações de base comunitária

O Festival de Turismo Brasileiro que nem Eu, que acontece de 03 a 19 de outubro em várias unidades do Sesc em São Paulo, reúne toda uma programação inspirada em reflexões e experiências do turismo de base comunitária. São oficinas, bate-papos, apresentações culturais, exposições, além claro, dos passeios e excursões que possibilitam descobrir um pouco mais da nossa identidade e cultura brasileira. Este evento é uma programação associada ao Congresso Mundial de Turismo Social 2014, realizado pelo Sesc em parceria com a Organização Internacional de Turismo Social - OITS.  

O Programa de Turismo Social entende ser parte da missão institucional do Sesc em São Paulo ampliar seu espectro de atuação considerando o compromisso social da instituição com todos os atores envolvidos na atividade turística. Sobretudo, entendendo que o fluxo emissivo organizado pelo Programa tem direta influência no desenvolvimento econômico e social das comunidades receptoras e pode, portanto, se reverter em real benefício para elas desde que as mesmas estejam estruturadas de forma sólida, equilibrada e participativa.

A partir destas reflexões, a implementação da linha programática de passeios e excursões intitulada Brasileiro que nem Eu, abre um grande espectro de possibilidades para desvendarmos territórios ao longo do país que não são conhecidos do turismo tradicional. Trata-se de valorizar a diversidade cultural brasileira, que, espalhada por todos os cantos, não é costumeiramente de interesse aos olhos do turista acostumado aos atrativos convencionais.

São diversos roteiros que desenham este retrato da cultura brasileira. Oportunidades para ouvir o som de uma viola caipira na beira do fogão à lenha acompanhado do aroma do delicioso café da Dona Susi em Paraibuna; vivenciar a cultura oriental na comunidade de Iouba, que faz do trabalho coletivo e da arte seu elemento estrutural; saborear uma ostra colhida in natura no Mandira, enquanto escuta a história de resistência e coragem dos quilombolas; experimentar a farinha manema feita no tacho, a pinga de alambique, o doce de banana caseiro, e a receita misteriosa do pastel de Seu Manezinho; prosear um pouco e saber como acontece o mutirão pra se fazer um roçado; passear no mangue e entender sua importância para a vida marinha e de toda uma comunidade; conhecer como se faz uma canoa de um pau só com o tronco do Guapuruvu; ver como se faz uma rabeca e se acabar de dançar fandango; descobrir num só passeio a música, a dança e as histórias que percorrem a vida da periferia na capital, e conhecer ali a arte de um genuíno Gaudí brasileiro, a simplicidade e o encanto dos trabalhos do Seu Berbela. Andar de barco, fazer trilhas, vivenciar paisagens e modos de vida diferentes, conhecer mais sobre nossa história e depois de tudo isso ainda dar um mergulho numa cachoeira que leva o nome de "Meu Deus". 
 

 

O Festival de Turismo Brasileiro Que nem Eu é programação associada ao Congresso Mundial de Turismo Social 2014, e acontece de 03 a 19 de outubro em várias unidades do Sesc em São Paulo com viagens, oficinas, bate-papos e apresentações culturais que se inspiram em reflexões e experiências do turismo de base comunitária.

Você pode saber mais em http://sescsp.org.br/brasileiroquenemeu ou imprimir seu guia da programação no Issuu abaixo) com todas as atividades.

Planeje seu roteiro e compartilhe com a gente os registros da sua viagem utilizando a hashtag #BrasileiroQueNemEu para fazer parte da nossa galeria colaborativa de imagens do turismo social.