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O envelhe-cer na cena contemporânea

Foto: Gustavo Boemer
Foto: Gustavo Boemer

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Cláudia Ferreira Melo (1)
Alexandre Simões (2)
Luiz Carlos Brant (3)

 

RESUMO

O presente artigo discute o sentimento de envelhecer na contemporaneidade, uma vez que a velhice é determinada em cada época e em cada cultura de forma diferenciada. O trabalho evidencia a percepção dos próprios idosos de seus corpos envelhecidos e usa como pressuposto teórico a psicanálise. Para essa teoria, está em cena um corpo, perpassado pelo Outro, atravessado pelo desejo, pelo sofrimento, corpo habitado por um sujeito que tem uma maneira própria de conduzir o real. Para elucidar e melhor entender  esse sentimento, a pesquisa parte de uma abordagem qualitativa, mais precisamente um estudo de histórias de vida de idosos. A cena contemporânea, caracterizada em larga medida pelo primado estético, tem como valores a beleza corporal, a capacidade produtiva, o dinamismo e a força. Viver e envelhecer, nesse contexto, passam a significar uma crise existencial permanente, em uma sociedade individualista, narcísica, que exige um indivíduo produtivo, autônomo, bem-sucedido, belo e jovem. O processo de envelhecimento parece ser experienciado, curiosamente, como um desvio no desenvolvimento humano. Nesse cenário, há de se refletir sobre a vivência do envelhecimento, seus efeitos na subjetividade, o corpo envelhecido e, para além de todas essas questões, sobre a hipótese de um sujeito que não envelhece, um sujeito do inconsciente que é atemporal.

Palavras-chave: envelhecimento; contemporaneidade; corpo envelhecido

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ABSTRACT

The present paper aims at discussing the feeling of aging in the contemporary age since advanced age is determined in a different way in the different periods of time and in the different cultures. The study highlights the perception of the old body by the elderlies themselves, using for that the psychoanalysis as a theoretical principle. For this theory, there is a body in scene, which coexists with an Other one, crossed by desire, by suffering, a body which is inhabited by someone who has a particular way of conducting reality. In order to elucidate and also better understand that feeling, the research begins with a qualitative approach, more precisely a study of the history of old peoples’ lives. The current scene, widely portrayed by the esthetic primacy, has body beauty, productive capacity, dynamism and strength as values. Living and getting old, in this context, can mean a permanent existential crisis in an individualistic and narcissistic society that accepts only productive, autonomous, successful, beautiful and young people. The aging process seems to be experienced, curiously, as a deflection in human development. In this scenery, it is necessary to think about the aging experience, its effects on the subjectivity as well as over the old body and beyond all those issues, the hypothesis of someone who never ages, a subject of the unconscious sphere who is timeless.

Keywords: aging; contemporary age; old body 

 

(1) Psicóloga, psicanalista, mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais e docente do Curso de Psicologia da Faculdade Divinópolis – Faced. email: melo.claudia@hotmail.com

(2) Psicanalista, doutor em Filosofia pela UFMG; orientador da pesquisa e coordenador do Mestrado em Educação, Cultura e Organizações Sociais da Funedi/UEMG. 

(3) Psicólogo, Psicanalista, Doutor em Ciências da Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. Docente da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.