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Hereros: Tradições vivas de um povo migrante

Migração espalhou os Hereros por Angola, Botsuana e Namíbia<br>Foto: Sérgio Guerra
Migração espalhou os Hereros por Angola, Botsuana e Namíbia
Foto: Sérgio Guerra

Herdeiros de uma tradição milenar, os Hereros habitam o sudoeste africano e são reconhecidos como um dos grupos étnicos mais antigos da humanidade. E são eles próprios, falando em sua língua, sobre sua sociedade e seus costumes, os principais personagens de Hereros Angola, documentário inédito que chega dia 20 de março, às 23h, ao SescTV.

Descendentes dos povos bantos, os Hereros são um povo semi-nômade que se esforça para garantir a continuação da cultura de seus antepassados, tentando manter suas tradições e rituais intactos, ainda que isso seja cada vez mais difícil em um planeta que constantemente ultrapassa as fronteiras da cultura regional sem grande dificuldade.

Através do intenso convívio que desenvolveu com os Hereros, o diretor Sérgio Guerra teve acesso ao cotidiano da tribo e, através das câmeras, nos coloca como testemunhas próximas do cotidiano deles: do nascimentos até a morte, a passagem para a vida adulta, o trabalho diário e as festas estão presentes em depoimentos e nas belas imagens da paisagem local.

Por chegar tão próximo do cotidiano dos Hereros, o filme chega a captar cenas - o abate de animais, por exemplo - que podem incomodar e transmitirem ideias de uma sociedade primitiva; outros hábitos - a prática da poligamia - podem ser vistos apenas como algo exótico, mas é na soma de todas essas particularidades de um povo que temos algo que o faz único e o distingue.

Sem tradição escrita, os Hereros dependem do conhecimento passado de pessoa para pessoa, da conversa, da oralidade, o que se torna um problema cada vez maior para a sobrevivência da tradição, da história e da cultura que os tornam diferentes de outras dezenas de tribos que povoam o continente.

Atualmente os Hereros somam cerca de 250 mil pessoas que, por conta do crescimento das cidades, estão tendo contato cada vez maior com a civilização, o que leva sua tradição a correr ainda mais riscos de se perder em sociedades cada vez mais iguais, independentemente de qual local do planeta elas ocupam.

O documentário - que já foi exibido em festivais no Brasil, Uruguai, Portugal, Quênia e Itália - é parte de um projeto maior sobre os Hereros que incluiu uma exposição fotográfica itinerante, a publicação de um livro e um disco com a gravação dos ritos da tribo.

 

 

Sobre o diretor

Até ser convidado para trabalhar em Angola, Sérgio Guerra trabalhou com cinema, publicidade e fotografia em São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro. Após sua mudança para o país, cativado pelas tradições, pelos cenários e pelo povo que descobria na convivência diária, Guerra dedicou-se a divulgar a cultura e os modos de vida locais.

Além do longa “Herero Angola”, Guerra também dirigiu os filmes “Para não esquecer Angola”, “Um menino do Bié”, e “Aprender a ler para ensinar meus camaradas”, todos sobre aspectos da vida e do povo angolano, resultando em um amplo painel da cultura local através das lentes de um estrangeiro que se deixou encantar por Angola.

 

Hereros Angola

Dia 20/03, às 23h
Classificação Indicativa: Livre
Reapresentação: Dia 24/03, à 1h.
* A transmissão do SescTV também acontece no Portal do Sesc.