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Waly Salomão: Poesia Total

Diferentes gerações continuam sendo influenciadas pela genialidade e irreverência do poeta baiano Waly Salomão, e tamanha diversidade fica evidente no programa Poesia Total, dirigido por Omar Salomão e Marcus Preto, que traz entrevistas, intepretação de suas poesias e show.

“Pra fazer um tributo pra um maluco, tem que ter vários malucos. E maior do que a maluquice de cada um é a maluquice de cada um e a maluquice geral. O espetáculo tá ligado aos deuses e a essa maluquice maior”, revela Domenico Lancelotti, responsável pela direção musical.

Para dar conta da tentativa de traduzir a superlativa obra de um artista com múltiplas facetas, filho de mãe sertaneja e pai sírio, e ícone do caldo que reverberou a contracultura pulsante nos idos de 1960, o show reúne dois de seus principais parceiros – Jards Macalé e Gal Costa –, a moçada da nova geração – Helio Flanders, Botika e Gustavo Galo, além de um intérprete à altura de suas poesias – o pernambucano Lira.

O show, gravado no Sesc Vila Mariana em julho de 2014, tem momentos de rara beleza como a interpretação visceral de Gal Costa para um de seus clássicos, a canção Vapor Barato. “Na verdade, quando eu cantava no Fatal (referindo-se ao álbum de 1971), eu pensava muito na ausência do Caetano e Gil especificamente. Mas acho que é uma canção pros que foram deportados, exilados, pros que foram embora. Mas na minha cabeça era muito pros dois, muito Caetano”, explica.

Foi exatamente Vapor Barato que fez Hélio Flanders descobrir e se perder de afetos por Waly Salomão.  ”Eu era bem jovem e falei: Nossa, que música bonita! Essa música que você vê o autor descendo aquelas ruas. O poder da poesia é isso – você vê a coisa acontecendo”, relata.

Parceiro em inúmeras canções, além de amigo, o cantor e compositor Jards Macalé ficou impactado com a transgressão da poesia clássica que era natural em Waly e isso reverberou em sua música que era bem menos normal para a época. Juntos viveram a terrível barra da ditadura, do AI-5 e do veto à liberdade. “O próprio viver estava comprometido ali e foi um momento que a gente se defendeu com nossas composições, com o nosso trabalho, com a poesia e com a música”, revela.

A irreverência de Waly também tem espaço nas memórias dos entrevistados e Marcus Preto conta uma experiência que teve ainda moleque com o poeta no lançamento de Armarinho de Miudezas. Tanto o humor como a ousadia estão pulsantes no repertório do show, para além da poesia do gênio, e muito bem ilustrados pelas interpretações de Gustavo Galo para Zé Pelintra, de Botika para Mel e de Flanders para Dona do Castelo.

Mas é com o cantor pernambucano Lira, que se deparou com Waly no documentário Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader, e se identificou profundamente com sua poesia – na erudição, nos aspectos emocionais e no misticismo – e rendeu-se ao vanguardista que entendemos a potência de sua obra. “Eu acho que a poesia de Waly não tem como você conhecer sem deixar um pedaço de você pra ele. Tem essas características de ser um rio correndo. Ela começa e é como se jorrasse feito um vulcão. Tudo isso que jorra, que corre, que transcorre, ecos que se interpretam como ele mesmo fala”, elucida. 

Especial Musical: Waly Salomão: Poesia Total
Estreia: 15/04, quarta, às 22h
Reapresentações: 18/04, às 19h; 19/04, às 07h e 24h
Classificação indicativa: Livre

Para sintonizar o SescTV:
Canal 138 da OiTV, ou consulte sua operadora
Assista também online em www.sesctv.org.br/aovivo

 

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