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> A Pauliceia de Mário de Andrade

Foto: Dalmir Ribeiro Lima | Sesc São Paulo
Foto: Dalmir Ribeiro Lima | Sesc São Paulo

Passeio do Turismo Social relembra as múltiplas faces criativas de Mário de Andrade através da sua relação com a cidade de São Paulo e as viagens etnográficas realizadas pelo autor.

Mário de Andrade foi um artista plural e uma personalidade pública muito importante para a cena cutural brasileira. Além de escritor, jornalista, crítico de arte, musicólogo, pianista, Mário também foi professor no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, co-fundador e diretor do  Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, criador da Discoteca Municipal, e um dos mentores da criação do  Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ao contrário de Macunaíma, protagonista de seu romance mais conhecido, pode-se dizer que o autor não esboçava preguiça nenhuma.

Dentre tantas atividades na biografia deste homem multifacetado, destaca-se aqui o seu lado de "turista aprendiz". Mário, que com tamanha bagagem cultural ainda se descrevia como um eterno aprendiz, empreendeu uma série de viagens pelo Brasil e pela bacia Amazônica em busca dos elementos e manifestações culturais constituintes de uma identidade brasileira. Através de suas narrativas de viagens e volumes de fotografias, gravações em disco e objetos cuidadosamente datados e legendados, conhecemos o viajante, folclorista e pesquisador que desbravou o Norte e Nordeste do país, chegando ao Peru e a Bolívia. Seus percursos e impressões foram poeticamente descritos em um diário de bordo, publicado posteriormente com o título “O Turista Aprendiz”.

O poeta da “Pauliceia Desvairada” – título de outro livro revolucionário do escritor que compilava as ideias por trás da Semana de Arte Moderna de 1922 – via o ato de viajar como forma de melhor conhecer e se aproximar do que seria o “tipicamente brasileiro”, valorizando os saberes orais das diversas regiões brasileiras. Através destas viagens é que o autor angaria as histórias que dariam origem à Macunaíma, primeiro romance modernista. Mas, como bem sabemos, seu coração sempre esteve bem assentado na sua amada Pauliceia, fonte de sua inspiração.

 

Inspiração

São Paulo! comoção de minha vida ...

Os meus amores são flores feitas de original ...

Arlequinal! ... Traje de losangos .... Cinza e ouro ....

Luz e bruma ... Forno e inverno morno ....

Elegâncias sutis sem escândalos , sem ciúmes ...

Perfumes de Paris ... Aryz !

Bofetadas líricas no Trianon ... Algodoal !...

São Paulo comoção de minha vida !

Galicismo a berrar nos desertos da América !

 

(Mário de Andrade, 1921 | Pauliceia Desvairada)

 

 

Quer conhecer alguns locais que inspiravam Mário de Andrade?

Embarque com o Turismo Social do Sesc São Paulo pelo universo do escritor através do passeio A Pauliceia de Mario de Andrade, que apresenta parte da obra do autor e da sua relação com a cidade através de uma intervenção artística com o ator Marco Antônio Garbellini e o músico William Vasconcelos, destacando lugares de referência para o escritor, como a casa da rua Lopes Chaves, o Largo do Paissandu, e o Teatro Municipal. O roteiro acontece dia 20 de junho com saída do Sesc Osasco e do Sesc Consolação.

 

o que: A Pauliceia de Mario de Andrade
quando:

20/06Saída às 8h30 do Sesc Osasco e às 10h do Sesc Consolação

onde:

Sesc Osasco | Av. Sport Club Corinthians Paulista, 1.300 | (11)3184-0900

Sesc Consolação | Rua Dr. Vila Nova, 245 | (11)3234-3000

inscrições:

Consulte a Central de Atendimento do Sesc Osasco e do Sesc Consolação

 

 

 

 

Nove minutos raros

Uma descoberta inédita sobre Mário de Andrade ecoa após 70 anos da morte do escritor: o som de sua voz. Até então só conhecíamos o autor por suas obras, cartas e manuscritos, e o vasto acervo de objetos, esculturas, quadros, desenhos, fotografias e gravações adquiridos em sua pesquisa apaixonada pela cultura brasileira.

Nove minutos raros, gravados em um disco de alumínio pelo linguísta norte americano Lorenzo Turner em sua visita ao Brasil em 1940, apresentam pela primeira vez Mário cantando 3 melodias, com sua voz de barítono, e depois explicando a origem destas músicas numa roda de conversa descontraída com Raquel de Queiroz, Mary Pedrosa, Mário Pedrosa, e Pedro Nava, que participaram da gravação.

O disco encontrava-se sem a identificação dos homens e mulheres que cantavam nesta gravação de Turner.  A descoberta foi uma ação conjunta entre pesquisadores da USP, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade de Indiana nos Estados UnidosOs áudios estão disponíveis no site do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), que analisou os registros fonográficos. 

Veja aqui a notícia na íntegra e escute as gravações.

 

A Coleção Mário de Andrade

Mário de Andrade, ao longo de sua vida como pesquisador e estudioso, construiu um extenso e diversificado acervo. Filmes, fotografias, peças de artes, livros e discos de música ocupavam a morada do escritor localizada à rua Lopes Chaves, 546, na Barra Funda, São Paulo. Todo este material integra hoje a Coleção Mário de Andrade, que abrange o período de 1891 a 1945, e se encontra disponível para consulta no Instituto de Estudos Brasileiros - IEB. 

O documentário A Casa do Mário, realizado pelo diretor Luiz Bargmann em parceira IEB/FAU com o apoio do Comitê Executivo de Fomento às iniciativas de Cultura e Extensão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP apresenta este espaço de vivência familiar, social e de trabalho, que marcou sensivelmente o ilustre paulistano em grande parte de sua vida, de 1921 a 1945, quando faleceu.

Além da Coleção Mário de Andrade, que abrange o período de 1891 a 1945, o IEB tem sob sua responsabilidade a guarda e a manutenção de um conjunto de fundos pessoais constituídos em vida por artistas e intelectuais brasileiros, e que estão distribuídos entre o Arquivo, a Biblioteca e a Coleção de Artes Visuais. O Instituto mantém, ainda, o Programa de Pós-Graduação em Culturas e Identidades Brasileiras.

IEB – Edifício Brasiliana | Praça do Relógio Solar, 342 | Cidade Universitária

 

A Casa do Mário from INTERMEIOS fauusp on Vimeo.

 

 

O autor homenageado da Flip 2015, Mário de Andrade (1893-1945), está fixado na consciência coletiva dos brasileiros como um dos maiores escritores do país. Intelectua, atuou em diversas frentes das artes e do pensamento para forjar aquilo que entendemos hoje como cultura brasileira. No ano em que se completam setenta anos de sua morte, a Flip e o Sesc promovem o ciclo Em Busca de Mário de Andrade.

O ciclo foi pensado para compor um retrato múltiplo desse homem singular, que fez de sua vida e obra uma rica e única interpretação do Brasil moderno. A curadoria do ciclo foi realizada por Paulo Werneck, curador da Flip 2015, e pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.

Os encontros do ciclo percorrerão as mais diversas facetas de Mário de Andrade no campo cultural. A abertura intitulada “Mário e seu Mundo”, no dia 30, conta com a presença do diretor regional do Sesc em São Paulo, Danilo Santos de Miranda, acompanhado pelo cineasta e crítico Carlos Augusto Calil, pelo sociólogo Sergio Miceli e por Eduardo Jardim, autor da primeira biografia de Mário de Andrade (Eu sou trezentos).

Confira a programação completa no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.

 

Mário de Andrade no Sesc

O Sesc, sempre pautado pelo seu compromisso com a difusão cultural e a distribuição dos saberes, tem uma relação muita próxima com a obra de Mário de Andrade. Além das diversas exposições e apresentações artísticas que já suscitaram seu nome na programação cultural da instituição, algumas publicações importantes para difusão do acervo do escritor ou inspiradas em sua obra, já foram realizadas pelo Selo Sesc e as Edições Sesc.

 

  Missões

 Ampliando sua experiência pessoal nessas viagens etnográficas, o escritor    empreendeu a Missão de Pesquisas Folclóricas financiada pelo Departamento  de Cultura. Formada por Luís Saia, Martin Braunwieser, Benedicto Pacheco e  Antônio Ladeira, a caravana deixou São Paulo em fevereiro de 1938 rumo ao  Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Maranhão e Pará. A partir dos cadernos de  campo, imagens, músicas e inúmeros objetos recolhidos no projeto, revela-se  um significativo panorama do folclore e da cultura nacional.

 

Para saber mais: http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/missao/