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O projeto Clube de Leitura do Sesc Belenzinho traz o tema Mulheres que escrevem o mundo. Em junho, a escritora Andréa Del Fuego comenta a obra da escritora Hilda Hilst (1930-2004).

Hilda escreveu por quase cinquenta anos e recebeu os mais importantes prêmios literários do Brasil. Dentre sua extensa obra, Andrea irá analisar um dos três livros: “Exercícios”, “Cantares de Perda e Predileção” e “Cartas de um Sedutor”. “Esses títulos fazem parte de um dos muitos recortes de sua obra pungente, que fez do erotismo e do obsceno uma literatura que alcança afinação única”, afirma Andréa. “Embaralhando o grotesco e a evocação divina tanto na prosa como na poesia, com mais de 40 livros, Hilda é nome incontornável da literatura nacional”, completa.

Confira a resenha dos livros:

Cantares (ano)
A obra reúne dois livros de poemas, publicados, respectivamente, em 1983 e 1995: Cantares de Perda e Predileção e Cantares do Sem Nome e de Partidas. Obras breves, ambas constituem um dos instantes mais densos do lirismo hilstiano, que aqui revisita o tema do amor, dentro da melhor tradição da língua portuguesa. Cantares de Perda e Predileção recebeu os prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e Cassiano Ricardo, do Clube de Poesia de São Paulo.

Exercícios (ano)
Este volume apresenta oito anos (de 1959 a 1967) da produção poética da autora. Em alguns títulos, como é o caso de Trovas de muito amor para um amado senhor, Hilda Hilst constrói poemas inspirados nos famosos cantares medievais. Além da temática amorosa, marcante em praticamente todos os seus livros, a autora procura obter efeitos de musicalidade característicos das cantigas medievais. Em outra parte dos poemas de Exercícios, pode se notar (o que também é muito comum na produção hilstiana) uma forte presença de questões místicas e religiosas. Em um e outro caso, contudo, o que sobressai é a imensa carga lírica com que Hilda Hilst trabalha a poesia dessa fase de sua obra.

Cartas de um Sedutor
A autora descreve o cotidiano de Karl, um homem rico, amoral e culto, que busca a explicação para sua incompreensão da vida através do sexo. Karl escreve e envia vinte cartas provocativas a Cordélia, sua casta irmã. Os textos das cartas se misturam à vida de Stamatius, um poeta que encontra no lixo os manuscritos de Karl. Após a primeira leitura, percebe-se que ambos são a mesma pessoa em tempos e condições diversos, mas com posturas diferentes diante dos mesmos questionamentos. O contraponto entre um e outro é o mote para uma obra de grandeza ímpar e absolutamente humana no seu sentido mais divino.

Essa é uma ótima oportunidade para conversar sobre a obra de uma das escritoras mais interessantes da literatura brasileira!