Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

O Novo Mercado Musical

Foto: Rafaela Ely CC 2.0
Foto: Rafaela Ely CC 2.0

Quem assina o cheque? Talvez essa seja a principal questão para o mercado fonográfico atualmente. Se no século passado as grandes gravadoras ditavam as regras em todo o mundo e faturavam bilhões, após os anos 2000 a crise chegou ao setor, que teve que se reencontrar. O "fator internet" foi decisivo para essa mudança. O precursor Napster, YouTube, iTunes e Spotify são algumas das ferramentas que deram o tom para essa nova configuração, que acarretou transformações também na indústria de shows, instrumento forte nessa banda.

Para tentar entender esse cenário, as possibilidades e limites da música, o CPF Sesc promove o ciclo Novo Mercado Musical e chama para o debate pessoas da área, como Fabiana Batistela, sócia-diretora da Inker Agência Cultural e diretora geral da Semana Internacional de Música de São Paulo (SIM São Paulo), que conversou com a EOnline sobre as perspectivas do mercado fonográfico.


EOnline: Qual foi, em sua opinião, a mudança mais significativa ou impactante, que ocorreu no mercado musical dos anos 1990 para cá?

Fabiana Batistela: A mudança mais significativa no mundo foi a internet. A velocidade da informação, o acesso fácil ao produto fonográfico, a mudança de formato (do cd pro mp3) e a pirataria digital foram responsáveis por uma profunda transformação na forma de consumir, comunicar e encarar a música. 

EOnline: Nessa semana a Apple entrou na disputa do mercado de streaming, que tem crescido muito nos últimos anos.  Essas empresas como Spotify, Rdio, e Apple dão sobrevida às gravadoras ou podem ser uma ameaça?

FB: O streaming de música é o futuro da indústria fonográfica. Ela só precisa aprender a conviver de forma saudável com esse novo formato. Hoje a forma de se consumir música (e outros produtos culturais, como os filmes também) é muito diferente. Estamos na era do "usar" a música e não mais na era do "possuir" a música. Hoje você não precisa mais comprar e armazenar o produto fonográfico/cultural. Você o escuta/vê quando quiser. Ele não é mais seu. Mas você tem acesso a ele livremente, sem ocupar espaço no seu computador ou celular. Não vejo esses serviços como ameaça, vejo como solução, vejo como um formato novo super conectado com os tempos de hoje. E eles tendem a crescer ainda muito. No Brasil, por exemplo, poucas pessoas usam ou conhecem plataformas como Spotify, Rdio, etc ainda. Ainda é considerado um serviço de "heavy users" da música. A Apple é muito forte no mundo digital, ela pode até ajudar a disseminar essa cultura mais facilmente.
  
EOnline: Os megaeventos voltaram à tona nos últimos anos, além da maior frequência de shows em arenas, marcas como Lollapalooza e Tomorrowland chegaram ao Brasil para ficar, aparentemente. Ao mesmo tempo, festivais menores, eventos de nicho, se espalham na mesma proporção. Como você interpreta esse cenário? A pluralidade de protagonistas também pode ser vista como uma nova tendência?

FB: Estamos notando essa tendência de globalização de Festivais. Marcas como o Lolla, o Tomorrowland, o Sónar estão viajando o mundo e chegando forte na América do Sul, que é o continente onde o mercado digital de música mais cresce. Ou seja, a indústria fonográfica ainda dita as tendências em outras áreas do mercado da música. Da mesma forma, a internet possibilita a comunicação direta com o público que você quer atingir e isso facilita a realização de projetos de nicho, como os festivais de música menores, que pipocam por aí em todo o mundo.

EOnline: A pirataria ainda será a grande vilã do mercado nos próximos anos?

FB: Acho que à medida que as pessoas forem conhecendo e usando os serviços de streaming, a pirataria digital deve diminuir bastante. Não tem porque eu baixar um monte de coisas de má qualidade e pesadas, mesmo que de graça, no meu computador ou celular se eu tenho acesso a todo esse conteúdo por apenas R$ 15 - 20,00 por mês. A pirataria física ainda é forte no Brasil, mas acho que deve seguir a mesma lógica.

Integram também o time de convidados importantes nomes desse mercado como Pena Schmidt, Carlos Eduardo Miranda e Flávio de Abreu. E se música é um assunto que lhe atrai, você pode gostar também do curso 'Estudos do som'.

 

o que: Novo Mercado Musical
quando:

De 13/7 a 27/8/2015. Segundas, quarta e quintas, 14h às 17h.

onde:

Centro de Pesquisa e Formação | Rua Doutor Plinio Barreto, 285. 4º andar. Bela Vista - São Paulo/SP

valores:
R$ 24,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 40,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 80,00 - inteira