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A mistura das Guitarras Brasileiras

Evidenciando a brasilidade agregada à sonoridade do instrumento elétrico, o projeto inédito Guitarras Brasileiras traz um recorte de ritmos e estilos presentes nas poéticas de guitarristas do norte e nordeste do Brasil. A estreia acontece na quinta dia 9 de julho, com um bate-papo entre Pepeu Gomes, Felipe Cordeiro e Robertinho de Recife, mediado por Charles Gavin. Na conversa, os músicos abordam seus trabalhos artísticos e a cena musical nas regiões norte e nordeste do país. Nos dias 10 e 11 é a vez do encontro no palco com os shows.

Conversamos um pouco com os idealizadores do projeto, Edison Eugênio, Aline Medeiros e Sandro Eduardo do Núcleo de Música e Artes Cênicas do Sesc Belenzinho (NMAC), que nos contaram como ele foi pensado. Acompanhe:

EOnline: Como o projeto Guitarras Brasileiras foi pensado?
NMAC: A ideia se construiu em um processo dentro de nossas conversas que tinham como objetivo a definição das linhas de programação de cada mês. Por algumas vezes discutimos a possibilidade de realizar um encontro entre dois ou três guitarristas, porém, devido à quantidade de guitarristas renomados no cenário musical brasileiro, percebemos que essa intenção poderia se tornar um projeto, contemplando assim mais nomes importantes da guitarra no Brasil.

Dessa forma, pensamos em três apresentações, cada uma com um trio de guitarristas originários de diferentes estados. Além dessa característica, as combinações de músicos foram elaboradas pensando em um encontro de distintas gerações e também com o intuito de contemplar a maior diversidade possível: de estilos, técnicas e influências. E essa pode ser considerada uma das partes mais difíceis do projeto, já que nas escolhas precisamos deixar grandes nomes da guitarra de fora do projeto, como Manoel Cordeiro, Chimbinha, Mestre Vieira, Luiz Brasil, entre outros. Outro aspecto importante do Guitarras Brasileiras está relacionado a nossa intenção de estruturá-lo como um projeto educativo: convidamos dois pesquisadores da área musical para escreverem textos para o material gráfico. Eduardo Visconti de Lima abordou as características gerais das poéticas dos guitarristas convidados, enquanto que Jorge Moutinho abordou a criação da guitarra baiana, que surgiu na mesma época em paralelo à criação da guitarra convencional. O projeto ainda é composto por três bate-papos, um em cada mês, antecedendo os shows dos trios. A mediação de cada bate-papo será feita pelo renomado músico e pesquisador Charles Gavin.

E.O: O projeto abre com a edição Norte e Nordeste. Qual a similaridade musical, ou não, existente nessas duas regiões? Quais as características musicais elementares dessas duas regiões?
NMAC:. Acreditamos que uma das principais características que une essas duas regiões, em termos de guitarra elétrica, é a inventividade e diversidade, como também ressalta o pesquisador Eduardo de Lima Visconti. A grande maioria dos guitarristas convidados traz em suas poéticas uma grande mistura de ritmos, estilos e experimentações.

E.O.: Falem um pouco sobre o porquê da escolha destes três músicos Pepeu, Robertinho e Felipe Cordeiro para a abertura dos shows.
NMAC:. Qualquer um dos trios de guitarristas convidados poderia fazer a abertura do projeto, já que todos são nomes importantes para a música brasileira. Fizemos as escolhas dos trios de acordo com a proposta de unir guitarristas de estados distintos, de modo a evidenciar as diferentes influências de cada um. Com as formações estruturadas conceitualmente, passamos nossas intenções para a produção dos músicos e, com a concordância de todos, tivemos que definir as datas de acordo com a agenda dos convidados. Todos os guitarristas que estarão no Guitarras Brasileiras possuem vários projetos paralelos, de modo que tornou-se necessário entendermos quais eram as possibilidades de datas de cada músico.

E.O.: Qual a importância de cada músico e as características instrumentais de cada um em sua região?
NMAC:. Como disse Eduardo de Lima Visconti, pesquisador e professor de guitarra elétrica da Universidade Federal de Pernambuco que convidamos para escrever um dos textos para o material gráfico do projeto, há uma grande diversidade e inventividade no modo de tocar a guitarra elétrica aqui no Brasil. Acreditamos que esses nove guitarristas convidados evidenciam toda essa diversidade e inventividade. Da Bahia, Pepeu Gomes, Armandinho e Luiz Caldas possuem técnicas apuradas, agregando elementos de choro, samba, frevo, maracatu, rock e blues. O primeiro e o segundo ainda trazem no currículo a criação de dois instrumentos de grande importância para a música baiana: o guibando e a guitarra baiana, respectivamente. Já Luiz Caldas, além do grande trabalho como instrumentista que o músico desenvolve, é também conhecido pela criação da axé music, em que ritmos afro-brasileiros se juntam à linguagem pop formando esse gênero.

No cenário de Pernambuco, temos três gerações musicais representadas por Heraldo do Monte, Robertinho de Recife e Paulo Rafael, e Lucio Maia. O primeiro marcou sua sonoridade pelo uso de elementos do jazz e improvisos, chegando a ser considerado um dos melhores guitarristas do mundo. Robertinho de Recife apresenta uma versatilidade que vai do blues ao heavy metal e da jovem guarda à música sacra. Paulo Rafael pode ser considerado um dos expoentes do rock psicodélico, misturando elementos do rock, do blues e da música nordestina. Lucio Maia traz em sua guitarra toda a representatividade do movimento manguebeat, com influências de maracatu, côco, rock e hip hop. As guitarras paraenses vêm representadas por músicos de duas diferentes gerações: Mestre Solano e Felipe Cordeiro. Enquanto primeiro propõe uma sonoridade que mescla calipso, salsa e zouk com samba, bolero e lambada, o segundo traz em seus trabalhos elementos da tradição popular misturados aos beats digitais da América Latina.

Próximas edições: 

7 e 8 de agosto – Armandinho (BA), Mestre Solano (PA) e Paulo Rafael (PE)
11 e 12 de setembro – Heraldo Do Monte (PE), Lucio Maia (PE) e Luiz Caldas (BA)

o que: Guitarras Brasileiras
quando:

9 de julho, às 16h | Bate-papo 

Dias 10 e 11 às 21h30 | Show

onde:

Sesc Belenzinho| Rua Padre Adelino, 1000 | 11 2076-9700

ingressos:

Bate-Papo | Grátis

Shows | R$ 12,00 | R$ 20,00 | R$ 40,00