Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

Mostra Pedra da Memória - Um diálogo estético entre a cultura do Brasil e Benin

Burrinha de Porto Novo – Benin<br>Foto: Renata Amaral
Burrinha de Porto Novo – Benin
Foto: Renata Amaral

Pedra da Memória propõe um diálogo estético entre a cultura do Brasil e do Benin, revelando de forma surpreendente como estas memórias, nos dois lados do oceano, reconstruíram sua identidade, esculpindo através do tempo uma cultura sólida e multifacetada, contemporânea e atemporal.

Estes laços se estreitaram ao levar à comunidades de culto vodun no Benin uma comitiva afro religiosa maranhense. Foram visitadas diversas cidades como Cotonou, Abomey, Ketou, Porto Novo, Ouidah, Allada, Pobe e Sakete, realizados encontros e registros audiovisuais de diversas tradições como: as cerimônias vodun, Zangbeto, Egungun, Geledés, fanfarres e as tradições dos Agudás, os afro-brasileiros do Benin, os descendentes de trabalhadores do tráfico escravagista e ex-escravos que retornaram ao Benin quando a escravidão foi abolida.

Essa experiência transformadora e o grande material registrado na viagem compõem a Mostra da pedra da Memória com exposição fotográfica, apresentação musical do grupo Ponto br, Cortejo da Burrinha de Porto Novo, oficinas de  Bumba Boi e Burrinha e a exibição do documentário “Pedra da Memória” seguido de uma roda de conversa, com Yalorixá Isabel Mesquita, o doutor em Antropologia Brice Sogbossi, o líder da Comunidade Agudá de Porto Novo Auguste Amaral e a pesquisadora Renata Amaral

MÚSICA
Ponto br – na eira
Ponto br é um coletivo formado por músicos contemporâneos e mestres da cultura tradicional, que propõeM o espaço da arte como local de encontro e diálogo possíveis entre vertentes e gerações, revelando uma outra via para o fazer artístico. Experimentando saberes e sonoridades, o show na eira tem como resultado uma sonoridade única e atemporal. Com Ponto br e Burrinha de Porto Novo.

CORTEJO
Burrinha de Porto Novo – Benin (
La Communauté Afro-Brésilienne Agouda de Porto Novo)
A mais tradicional das comunidades Agudás, a "La Communauté Afro-Brésilienne Agouda de Porto Novo", de Porto Novo, surgiu como irmandade religiosa, com o nome de “Irmandade Bom Jesus do Bonfim de Porto Novo”. Celebradas em ocasiões e épocas diferentes das do Brasil, festas como a do Nosso Senhor do Bonfim e o Carnaval contribuem, no entanto, para manter vivas tradições herdadas de seus antepassados brasileiros. É comum hoje a encenação desta "bourian" em casamentos, batizados e outras comemorações. Os personagens entram na dança uns após os outros, e são saudados com canções onde se mistura o português, o nagô, o fon e o gum. Esta comunidade, que se faz chamar “agudá”, “brésilienne” ou “Brazilian”, cumprimenta-se em português, com feijoada, cocada, pirão, moqueca e arroz doce. Com Burrinha de Porto Novo.

OFICINAS
Bourian (Burrinha)

Ministrada por membros da La Communauté Afro-Brésilienne Agouda de Porto Novo – Benin, trará aos participantes as encenações da burrinha, envolvendo a participação de seus numerosos personagens e os cantos que os caracterizam, onde se mistura o português, o nagô, o fon e o gum.

Bumba Boi
A oficina se concentra no bumba boi de matraca ou da Ilha do Estado do Maranhão, um dos sotaques mais conhecidos e que forma os maiores batalhões – grupos com mais de mil integrantes entre músicos e dançarinos. A oficina entrelaça como num jogo o canto, a dança, e principalmente o toque dos diversos instrumentos da orquestra do bumba boi (matracas, pandeirões, maracás e tambores-onça). Com Ribinha de Maracanã e Henrique Menezes.

EXIBIÇÃO DO FILME PEDRA DA MEMÓRIA
Uma comunidade afro religiosa do Brasil viaja pela primeira vez ao Benin (África Ocidental), indo ao encontro da cultura de seus ancestrais, com a qual dialogam cotidianamente. Em contraponto, na outra margem, este diálogo acontece com os Agudás, descendentes de ex-escravos brasileiros retornados ao Benin após a abolição, que cultivam também, há mais de um século, a cultura brasileira de seus antepassados. Pedra da Memória é um documentário musical que propõe uma investigação estética entre os gêneros tradicionais dos dois países, revelando seus vínculos e particularidades, em uma aproximação poética conduzida pela memória do babalorixá Euclides Talabyan e os desenhos de Carybé. Direção: Renata Amaral / Duração: 58min.

EXIBIÇÃO e RODA DE CONVERSA
Reunindo a Yalorixá Isabel Mesquita, maranhense e mãe pequena da Casa Fanti Ashanti, o doutor em Antropologia Brice Sogbossi, beninense radicado no Brasil há 13 anos, o líder da Comunidade Agudá de Porto Novo (Benin) Mr Auguste Amaral e a musicista e pesquisadora Renata Amaral, o encontro irá expor aos presentes singularidades da relação Brasil/Benin a partir da apropriação da cultura brasileira pelos Agudás do Benin (Brice e Auguste), o culto às tradições jêje nagô no Brasil e sua relação com memória e ancestralidade (Euclides), e o diálogo estético com as tradições afro-brasileiras na criação artística contemporânea (Renata). Duração 120 min.

EXPOSIÇÕES
Pedra da Memória – Renata Amaral

Painéis fotográficos que expõeM de maneira clara e sensível o diálogo entre Brasil e Benin, compostos pelo material de registro da viagem e do acervo pessoal de Renata Amaral. Já circulou por Salvador, São Luis, São Paulo e Benin.
Zeladores de Voduns – Márcio Vasconcelos
Para contar essa história, trilhando caminho inverso ao de Nã Agotimé, e com uma exposição fotográfica sob a forma deportraits, o fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos, viajou ao Benin acompanhado do antropólogo africano Hippolyte Brice Sogbossi. 

Texto: Elisangela Pimenta - Animadora Cultural do Sesc Bauru

Exposição Zeladores de Voduns. Foto: Márcio Vasconcelos