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O corpo e seus diversos aspectos são tema de diálogos na instalação “À Mesa”

Ilustração: Hanging de Aya Ben Ron
Ilustração: Hanging de Aya Ben Ron

Qual é o limite da sensatez quando se fala de modificações tecnológicas e transformações do corpo? Até que ponto são legítimas essas transformações, até mesmo as de caráter terapêutico ou socialmente integrador, como marca-passos, dentaduras ou próteses de perna? O que é o corpo para você?

Todas essas perguntas demonstram que o corpo é, além de uma poderosíssima ferramenta, um inexorável instrumento de comunicação do ser humano. Foi assim que a artista alemã Hannah Hurtizg, dentro do projeto “Episódios do Sul” do Goethe-Institute, desenvolveu a instalação “À Mesa – Narrativas sobre o corpo tecnológico, imaginado e morto” que ocorre neste sábado, dia 5/12, na Área de Convivência do Sesc Consolação.

A proposta, com cara de reality show, parece mais uma espécie de teste de resistência que com o passar das horas podemos entender como sendo de conhecimento ou de síntese. Parte de um projeto muito maior que pretende investigar o corpo sob três eixos principais: o corpo morto ou mesmo a morte, “...como o desprendimento libertador da alma do corpo ou como fase de transição”, o corpo não-morto e os estados éticos e sociais dos pacientes que acordam do coma. “...Mas também a história de sucesso de um fenômeno popular de nosso tempo – aquele dos zumbis nos quadrinhos, nos filmes e na televisão.” e, por fim, o corpo tecnológico, que Hannah define como ficção científica aplicada. “Neste ano e no próximo vamos nos ocupar do tema de próteses.”, afirma.

Em uma mesa, convidados das mais diversas disciplinas, como neurologistas, psicólogos, artistas, sociólogos e filósofos e de diversas identidades de gênero, se sentam e contam ao público sobre o potencial transformador do nosso corpo. De um lado, pares ou trios, conversam a respeito de um tema previamente proposto. Do outro lado da mesa, convidados considerados provocadores tem 20 minutos para discutirem o tema juntamente aos especialistas, além de poderem se manifestar durante os diálogos. O diagrama abaixo dá uma noção de como se dará a intervenção.

Ilustração de Florian Stirnemann

“Acontece então uma dramaturgia da fala, com diálogo, interrupções, exclamações e discussões em grupo. O público escuta as falas por meio de fones de ouvido, pode se movimentar no espaço, deixar que os olhares e a concentração devaneiem, pois trata-se de um longo dia, que começa às 3 da tarde e termina no fim da noite, as pessoas podem ir e vir e escolher o programa de acordo com seu estado de espírito”, afirma Hannah.

A dramaturgia que a artista alemã se refere é apenas uma parte do processo, que permite ao público ainda, se manifestar através de um karaokê instalado do outro lado da mesa. “Trata-se de um karaokê de imagens. Ao longo da intervenção emergem fotos, filmes e imagens de corpos que são fascinantes. Alguns são assustadores e arrepiantes, outras perturbadoras e esquisitas. É difícil encontrar tão rapidamente palavras para descrevê-las. São imagens enigmáticas do corpo, que nós porém não apresentamos para os especialistas decifrarem e sim queremos coletar os pensamentos do público. Nós as projetamos e as pessoas têm de um a três minutos para comentar publicamente a foto ou o filme.”, conclui.

Se interessou?

Para participar não é preciso se inscrever previamente. A entrada é gratuita e não é necessária inscrição para ouvir as discussões. Também é permitida a entrada após o início de cada mesa.

Confira o nome dos participantes e a programação completa das mesas abaixo:

15h
A narrativa dos ossos: o corpo como dispositivo mnemônico
Diálogo com: Clara Ianni & Luiz Fontes

16h15
O Disability Act (Lei da Deficiência) de 2006 e o Manifesto Anti-Inclusão de 2010: como o direito à imperfeição é desafia a sociedade
Diálogo com: Marta Almeida Gil & Estela Lapponi

17h30
Estimulação Cerebral Profunda I: próteses neurais para a doença de Parkinson

Diálogo com: Victor Rosetto Barboza & Erich Fonoff

18h30
Estimulação Cerebral Profunda II: próteses neurais para a depressão

Diálogo com: Christian Dunker & Erich Fonoff

19h30
Xamanismo como tecnologia do corpo: como aproximar mundos virtuais, informações e relações interespécies

Diálogo com: Fabiane M. Borges & Laymert Garcia dos Santos

20h45
Especulações e antecipações atuais sobre um corpo futuro

Diálogo com: Laerte Coutinho & Amara Moira & Jean Wyllys

o que: À Mesa - Narrativas sobre o corpo tecnológico, imaginado e morto
quando:

Dia 5/12. Sábado, das 15h às 21h.

onde:

Sesc Consolação | Rua Doutor Vila Nova, 245 | 11 3234-3000

preço: Grátis. Não é necessária inscrição prévia. As inscrições para as mesas serão feitas diretamente no local.