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Teatro para crianças em diálogo direto e verdadeiro

Fotos: João Caldas Filho
Fotos: João Caldas Filho

Com canções de Toquinho, premiado musical infantil “Canção dos Direitos da Criança” abre a programação de 2016 do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros

Um garoto inteligente, mas prolixo, que faz todos os amigos dormirem com suas explicações; uma menina cheia de ideias mirabolantes, que só consegue se expressar com a linguagem do rap; um rapaz bondoso que, de tão ingênuo, acaba sempre escolhido para encarar situações de dar frio na espinha; uma rainha que, conversando sozinha, revela o buraco de solidão evidente no peito.

Personagens como esses, que anunciam meninice, curiosidade, fraternidade e aventura, dão corpo ao musical infantil “Canção dos Direitos da Criança”, cuja breve temporada (nos dias 8, 9 e 10 de janeiro) abrirá a programação de 2016 do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros.

Dirigido por Carla Candiotto, uma das fundadoras da companhia Le Plat du Jour, o espetáculo conquistou as láureas de Melhor Atuação, Cenografia e Produção na última edição do Projeto São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem – antigo Prêmio Femsa, considerado a maior premiação na América Latina exclusivamente voltada ao teatro infantojuvenil.

“Canção dos Direitos da Criança” é ambientado em meio às engrenagens, polias e chaminés da Revolução Industrial. Nesse mundo sombrio, que começa a ser regido pelas máquinas, está o castelo da Rainha Má, onde as crianças, chamadas de “coisinhas” a todo momento, são obrigadas a trabalhar mais que adultos. Até que, certo dia, ao não aguentar mais os maus-tratos dos seus superiores, decidem bolar um plano para conseguir mais comida.

 

 “Nos processos de pesquisa para a concepção do espetáculo, encontrei a história de uma mulher que se chamava Eglantine Jebb. Ela, que viveu nos tempos da Revolução Industrial, era de origem rica e se preocupou com as crianças que trabalhavam em péssimas condições. Trinta anos após sua morte, a ONU reconheceu os 10 direitos da criança que ela escreveu”, explica a diretora Carla Candiotto

O recorte histórico da era vitoriana serve de pano de fundo para que o espetáculo traga à tona os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU em 1959 e revisitada pelo compositor Toquinho e o artista plástico Elifas Andreato no álbum Canção de Todas as Crianças.

Lançado em 1987, esse trabalho apresenta dez músicas, uma para cada prerrogativa apresentada no documento. Sete delas – como Gente tem sobrenome, É bom ser criança e Herdeiros do futuro – integram a adaptação teatral de Carla Candiotto, além da clássica Aquarela, emprestada do repertório geral de Toquinho.

Para a diretora, o maior desafio do projeto foi criar um enredo de temática tão densa quanto os direitos das crianças sem recair no didatismo. O caminho escolhido para sua encenação foi aliar dois elementos caros para o imaginário infantojuvenil: a empatia e o humor.

Assim, os personagens, todos com trejeitos e personalidade, provocam a rápida identificação por parte do público mirim: “A empatia é sempre uma premissa nas minhas criações. Somada ao humor, ela prende a atenção da criança, que aprende se divertindo”, explica a diretora. “O teatro para crianças se faz em um diálogo direto, verdadeiro. No aqui e agora”, completa.

A cenografia, outro aspecto de destaque do espetáculo, revela técnicas de teatro de sombras, bonecos, máscaras, efeitos diversos, objetos circenses e coloridos, além de incluir elementos que remetem ao plano idílico, como o leão, o elefante e a bailarina. O resultado dessa soma de estímulos é o convite para que o público, independentemente da idade, mergulhe no universo criativo oferecido pela montagem.

o que: Canção dos Direitos da Criança
quando:

De 8 a 10 de janeiro | Sexta, às 19h, sábado e domingo, às 18h

onde:

Sesc Pinheiros | Rua Paes Leme, 195 | 11 3095-9400

ingressos:

R$ 9 (Credencial Plena) | R$ 15 (meia) | R$ 30 (inteira) |
Grátis para crianças de até 12 anos