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A expressão artística com impacto social

Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria
Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria

Apesar de ganhar algum dinheiro com as aulas de inglês que dava em um colégio brasileiro, Wellington Nogueira queria mesmo era ser ator. Em busca desse ofício, foi a Nova Iorque trabalhar em espetáculos musicais. Lá, encontrou palhaços trabalhando dentro de um hospital. "Fiquei encantado: vi ali o nascimento de uma nova forma de expressão artística com tremendo impacto social", conta. O grupo Big Apple Circus despertou nele um desejo. Mais tarde, esse desejo se transformaria no que, hoje, é bem conhecido: Wellington fundaria os Doutores da Alegria

Um dos mediadores da Pré Conferência Dignidade e Valores Humanos, que acontece no Sesc Belenzinho nos dias 29 e 30 de março, com transmissão ao vivo aqui no Portal do Sesc SP, Wellington compartilha as transformações que o projeto causou:

"Começar o projeto foi relativamente fácil, porque eu acreditava muito nele. O difícil foi ajudar o público a entender o conceito de palhaços profissionais em caráter contínuo e a parceria com os profissionais da saúde". Sobre essa parceria, decisiva para o trabalho, ele acrescenta: "Complementamos olhares e percepções. Enquanto uma equipe olha para o que está doente e precisa ser curado, a equipe de artistas olha para o que está bom e precisa ser estimulado".

Considerar o bem estar do próximo com a humanização da saúde, em tempos de tamanho egoí­smo e individualidade, é uma arte. O resgate da arte do encontro e da empatia. "Temos que aprender a nos colocar no lugar do outro, a ampliar nossa capacidade de percepção de nós mesmos e do outro. Precisamos muito resgatar nossa capacidade de nos relacionarmos saudavelmente com nós mesmos e com o outro neste mundo enfermo, pois aí­ reside a nossa potência".

Nas palavras de Wellington, vontade e disciplina é tudo do que uma pessoa precisa dispor para ajudar o próximo. As dicas para criar um projeto são várias: "Conheça o público com o qual você vai trabalhar, o local onde vai trabalhar, parceirize-se com as equipes multi-profissionais e documente tudo, para criar uma metodologia que possa ser replicada e avaliada. Ufa!". Inspirações e referências, também não faltam. "O Viva e Deixe Viver e seus contadores de histórias; os mais de 1000 programas inspirados nos Doutores da Alegria, e que fazem parte do Palhaços em Rede; os programas de Música nos Hospitais, os artistas plásticos que recriam espaços nos hospitais; os programas que, além da arte, colocam os idosos hospitalizados em contato com crianças e jovens".

A transformação de Wellington após a fundação do Doutores, foi radical, inclusive na sua percepção sobre hospitais, doenças e pessoas. "Aprendi a ver a beleza e a dramaticidade desses processos, através das histórias de vida. Todos traçamos uma biografia ao longo de nossas existê­ncias. Hoje, sou um empreendedor social com apetite de fazer mais, ampliar espaços de trabalho, porque isso é só o começo de uma grande virada que vem aí, para ajudar o homem a re-significar a sua relação com o seu trabalho e ofício", finaliza.

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Veja também: batemos um papo com Renata Quintella, criadora do Instituto A Nossa Jornada, que também estará na Pré Conferência Dignidade e Valores Humanos.