Postado em 31/10/2017
A apresentadora Sabrina Parlatore e a administradora Andrea Zanin se reuniram no teatro do Sesc Santo Amaro para um bate-papo sincero sobre o câncer de mama. A atividade marca o Outubro Rosa, ação de conscientização em relação à doença, que é o tipo de câncer mais comum entre mulheres no mundo, depois do câncer de pele não melanoma.
A partir de suas experiências pessoais, desde a detecção do câncer até o tratamento, e aliando trechos do filme Decoding Annie Parker, Sabrina e Andrea conduziram uma conversa sobre saúde, superação e autoconhecimento. Elas destacaram a importância de detectar o câncer em estágio inicial, fase em que 95% dos casos têm cura. Para isso, é essencial que as mulheres conheçam seus corpos, busquem realizar os exames e valorizem o autocuidado.
Que conselhos vocês podem dar às mulheres no sentido da detecção precoce do câncer?
Como é pra vocês falar sobre esse assunto para o público?
Sabrina: No início, eu não queria nem que as pessoas soubessem. Eu achava que era uma coisa muito particular e não tinha condições, naquele momento, de expor esse assunto, estava muito fragilizada. Mas depois eu comecei a perceber a importância que é você compartilhar a sua história com outras pessoas. Você ajuda e é ajudada também.
Andrea: Você inspira.
Sabrina: Inspira, exatamente. E eu, que já trabalho com o público, as pessoas me ouvem, me procuram muito pelas redes sociais, buscando apoio, informações. É muito legal saber que posso, de alguma forma, ajudar as pessoas.
Andrea: É muita responsabilidade falar de um tema desses, de difícil aproximação. Eu acredito que a agente tem que tratá-lo com muito respeito. A gente acaba mexendo com a plateia e a plateia também mexe com a gente. Há perguntas que a gente não esperava, e precisa responder. Mas acredito que toda mulher que é uma paciente oncológica tem o dever de falar sobre o câncer, pra que as pessoas possam se conscientizar e buscar um diagnóstico precoce. É chato? É ruim? Mas tem que falar.
A superação do câncer trouxe autoconhecimento? O que mudou depois dessa experiência?
Sabrina: Todo mundo que passa por um câncer, ou por uma doença grave, acaba reavaliando a vida, os valores, o caminho que está seguindo. Isso aconteceu comigo. Pensei: ‘gente, será que estou feliz? O que preciso mudar pra aproveitar melhor a vida, pra fazer tudo valer a pena?’ Cantar, pra mim, foi uma das descobertas. Já cantava, gostava de cantar, mas o grande público não conhecia. Eu não acreditava que pudesse seguir uma carreira como cantora. Aí decidi que eu queria, sim, e devia seguir esse caminho. E ele está me trazendo muita felicidade, muita realização. Esse período conturbado me trouxe uma coisa positiva.
A gente supera os obstáculos porque não tem outra alternativa. Já ouvi que a superação não é uma virtude, é simplesmente uma estratégia de sobrevivência. É um período muito delicado, em que você avalia sua vida. Cantar era algo que eu queria, mas eu mesma não acreditava no meu potencial, tinha preconceito em relação a isso. Mas a partir do momento que comecei a expor, recebi feedbacks positivos. Então vi que era uma bobagem e isso me fez enxergar coisas boas.
Andrea: Eu acredito muito no nosso instinto de sobrevivência, mais do que no instinto da morte. A minha estratégia de sobrevivência foi acreditar no tratamento e segui-lo, respeitá-lo. Tenho um respeito grande por ele, que é muito delicado. Estou repensando as minhas atividades, meus relacionamentos. É um momento de muita reflexão, de muita mudança.
Esse projeto [o bate-papo] é uma estratégia de superação. A partir do momento que a Sabrina se aproximou, geramos potência, alegria, apoio. Contra o câncer, você não tem muito o que fazer, mas pode aumentar a potência das pacientes. A partir do momento em que elas se aproximam de mim e a gente começa a conversar, nasce esse projeto. Outras mulheres acreditam nele e por isso a gente está aqui hoje.
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Bom para acompanhar você quando estiver correndo, com saudade do Angeli e do Laerte dos anos 80 e outras cositas más. Chega mais!