Postado em 21/05/2018
Duas instituições de diferentes estados se unem para promover um encontro cultural: o Conexão Dragão do Mar de Música Cearense e o Sesc. De maio a setembro, 15 artistas deixam sua terra natal, o Ceará, para apresentar sua música na capital paulista. Conversamos com Paulo Linhares, diretor do Instituto, sobre a cena musical cearense. Confira!
EOnline: O que é o projeto Conexão Dragão do Mar de Música Cearense?
Paulo Linhares: O projeto é uma série de shows produzidos em parceria com o Sesc e o Instituto Dragão do Mar e tem como objetivo dar visibilidade ao amplo movimento artístico que vem ocorrendo no Ceará nos últimos cinco anos. A cena musical do Ceará ampliou-se e se fortaleceu a partir da efervescência existente na Praia de Iracema, nos circuitos de shows do Centro Dragão do Mar, bares e casas de shows do bairro. Boa parte desses artistas que teve seus projetos “gestados” e produzidos nos laboratórios de criação da escola de artes Porto Iracema foi aclamada pelo público nos palcos do Centro Dragão do Mar e, agora, participa de festivais e toca em centros de cultura e casas de show do Brasil, África e América Latina, com o apoio do Instituto Dragão do Mar.
EOnline: Qual a importância desse movimento para a cultura cearense?
Paulo Linhares: No campo musical, o estímulo às criações artísticas possibilitou a formação de uma nova geração de músicos do Ceará, que tem como característica a diversidade sonora, a colaboração mútua em projetos e a aproximação com a cidade de São Paulo.
Um fenômeno semelhante se deu na década de 70, quando nomes como Amelinha, Belchior, Ednardo, Fausto Nilo e Fagner, dentre outros, ganharam as rádios do país inteiro. Com propostas estéticas distintas entre si, traziam em comum a fusão entre regional e universal, num movimento que ficou conhecido como “Pessoal do Ceará”.
Agora, quase 50 anos depois, “um outro pessoal do Ceará” desponta no cenário nacional, trazendo novas experimentações estéticas em produções que vão do rock, ao forró, do rap ao jazz, do pop romântico ao brega. A série de shows realizadas por meio do Conexão Dragão do Mar de Música Cearense é uma pequena mostra dessa diversidade sonora.
EOnline: O que podemos esperar do show que Fernando Catatau está preparando para o Sesc Pompeia?
Paulo Linhares: Fernando fará um show inédito! Acompanhado tanto de músicos da formação do “Cidadão Instigado”, como de seu outro projeto artístico “Fernando Catatau e o Instrumental”, o músico cearense irá apresentar um apanhado de toda sua carreira,
com músicas como Bluseiro Lerdo, El Cabrone e Fraternidade. Como convidados, recebe no palco outros dois cearenses: Soledad (cujo último disco foi considerado um dos melhores de 2017, segundo a Folha) e seu timbre emocional embalado por um som melancólico, e, ao mesmo tempo solar; e Jonnata Doll com sua atitude punk, lirismo soturno e underground. Vai ser um grande encontro!
EOnline: Depois do show no Sesc Pompeia, outros ocorrerão em unidades da Capital paulista. Como será esse circuito de música cearense?
Paulo Linhares: Os shows serão realizados uma vez por mês em uma unidade do Sesc. O primeiro é no Sesc Pompeia, dia 23 de maio. O segundo, no Sesc Parque Dom Pedro II, no dia 24 de junho, temos a música marcadamente nordestina no som regional que mistura forró e outros ritmos tradicionais do Junu, junto com o afropop tropical de Lorena Nunes e a sanfona de oito baixos de Luizinho Calixto.