Sesc SP

postado em 27/01/2021

Notas para uma definição do leitor ideal

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Em seu novo livro, Alberto Manguel elege a leitura como ato fundador, capaz de erigir cidades, formar civilizações, assentar a justiça e garantir sua racionalidade

 

Desde 2017, o Sesc São Paulo tem mantido contatos regulares com o escritor, tradutor e editor Alberto Manguel. Naquela ocasião, as Edições Sesc publicaram O leitor como metáfora: o viajante, a torre e a traça, desde então um dos títulos mais vendidos do catálogo. No ano seguinte, o Sesc realizou a exposição Biblioteca à noite, concebida por Robert Lepage e inspirada em livro homônimo do escritor argentino. Já em 2019, foram dados os primeiros passos para a edição de Notas para uma definição do leitor ideal, livro que agora chega às livrarias de todo o país.

Manguel é autor de mais de quarenta livros, em sua maioria de não ficção. Nascido em Buenos Aires em 1948, passou parte da infância em Israel, onde seu pai era embaixador da Argentina. De volta a seu país natal, conheceu o escritor Jorge Luis Borges, que já sofria com dificuldades para enxergar e para quem colaborou como leitor até completar vinte anos de idade. Em 1982, Manguel radicou-se em Toronto, tornando-se cidadão canadense. Retornou à Argentina, em 2015, onde foi designado diretor da Biblioteca Nacional. Em 2016, tornou-se membro da Academia Argentina de Letras.

Em Notas para uma definição do leitor ideal encontra-se um apanhado de 24 ensaios de Alberto Manguel, parte adaptações de discursos proferidos pelo autor em conferências e congressos, e parte artigos publicados em veículos como The New York Times e El País. Os textos retratam, das mais diversas maneiras e pelos mais diversos ângulos, a relação que parece ser o âmago da obra do autor: livros e leitores.

 


Trecho do livro

 

A escrita do argentino parece a de um jovem apaixonado que acabou de descobrir a literatura, mas sem abrir mão da sabedoria, do rigor e, também, do posicionamento político que acumulou ao longo de seus 71 anos de vida. Em “Como Pinóquio aprendeu a ler”, um dos ensaios que compõem a obra, Manguel explica seu fascínio pelas aventuras do menino de madeira: tratavam-se de aventuras de aprendizagem. O autor constrói um inteligente paralelo entre Pinóquio e os estrategemas que os escravos criaram para aprender a ler, estabelecendo um paralelo entre a liberdade civil e a liberdade do leitor.

Alberto Manguel elege a leitura como ato fundador, capaz de erigir cidades, formar civilizações, assentar a justiça e garantir sua racionalidade. Para ele, o empobrecimento da linguagem e suas consequências no mundo em que vivemos estão relacionadas à nossa fraqueza ou potência enquanto leitores. Nesse sentido, o conjunto de ensaios reunidos em Notas para uma definição do leitor ideal oferece um raio de luz para estes tempos tão obscuros.

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