Sesc SP

postado em 11/11/2015

Amazônia ocupada

Capa: Jovem Kaiapó no município de Redenção. Pará, c. 1990. Foto: João Farkas
Capa: Jovem Kaiapó no município de Redenção. Pará, c. 1990. Foto: João Farkas

      


Fotografias de João Farkas expõe retrato complexo, multifacetado e surpreendente de uma região que figura no nosso imaginário apenas como palco de uma beleza selvagem em estado de devastação

 

Com textos de Paulo Herkenhoff, Ricardo Lessa, Lilia Moritz Schwarcz e do próprio autor, João Farkas, Amazônia ocupada traz imagens da Amazônia que documentam as profundas transformações geradas por sua ocupação, lançando um olhar sensível aos diversos grupos sociais que vivem na região.


Resultado de dez incursões à Amazônia entre 1985 e 1999, Farkas lança um olhar humanista aos personagens que habitam a região procurando valorizar vidas humanas e natureza, sem deixar de expor o impacto que um universo causa sobre o outro.

 

“Alguém me disse, como Sartre, que ‘a beleza não salva aquilo que mostra’,  mas meu instinto me dizia o tempo todo que era urgente e necessário fotografar. Fotografar tudo que fosse possível. Voltar e voltar quantas vezes pudesse.  Mostrar aos outros o que os meus olhos enxergavam. De alguma forma criar um alerta, mesmo que fosse para a História. Combater a sensação aterradora de irreversibilidade, de crime impune e silencioso. E ao mesmo tempo ser capaz de entender as motivações e dar voz aos anônimos personagens daquela saga. Este é meu testemunho. Assim como a descrição de uma chacina precisa ser capaz de envolver e manter o leitor até o fim, meu fio condutor é a sensibilidade e a poesia do olhar.”

João Farkas

 

A narrativa fotográfica de João Farkas percorre garimpos, aldeias indígenas, estradas improvisadas no meio da floresta, vistas aéreas, acampamentos, bordéis, entre outros locais surpreendentes. O texto do jornalista Ricardo Lessa, que acompanhou o fotógrafo nessas viagens, conta algumas das aventuras vividas por eles e descreve o choque entre o que imaginavam encontrar e o que de fato encontraram: “Foi um mergulho num universo muito mitificado pelos brasileiros, extremamente diverso e imensamente complexo. Para a maioria dos brasileiros e estrangeiros, a Amazônia é uma grande mancha verde no mapa, cortada por rios intermináveis, habitada por índios e seringueiros de um lado e desmatadores malvados de outro. A simplificação nos dá uma ilusão de controle”.

Já o texto da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz lança um olhar interpretativo sobre as fotografias do livro, utilizando-as para compreender camadas complexas da realidade. Schwarcz toma o trabalho de João Farkas para pensar as diversas facetas de um “mundo amazônico” que nos escapa, contraditório, inusitado, pouco conhecido, por vezes até mesmo brutal, por outras vezes poético, desolador, belo: “a identificação do próprio fotógrafo faz sua mágica, e com ela os pretensos ‘objetos’ viram ‘sujeitos’: se deixam ver, mas também se mostram; são clicados mas igualmente posam. A base de qualquer relação é não só a identificação mas também a diferença, e é essa ordem de afetos que se estabelece quando realmente queremos conhecer e entender o ‘outro’. (...) Da sua parte, ao invés de tomar a realidade como 'falta' – em falta –, os registros de Farkas descortinam um mundo de projetos, sonhos, modelos que vão aparecendo na contramão, teimosamente, como se esses grupos – todos misturados por conta da urgência dos projetos de colonização – insistissem em não se conformar ao que deles tanto se dizia e lamentava.”

Em julho de 2015, uma parte das fotografias presentes no livro Amazônia ocupada compôs uma exposição homônima no Sesc Bom Retiro. De acordo com Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, a fotografia de Farkas “é capaz de deslocar paisagens amazônicas apreendidas ao longo dos séculos e cristalizadas em nosso imaginário. A poética e o deslumbramento da floresta encontram as lentes do artista, que também se dirige para os garimpeiros, missionários, grileiros, índios e mestiços. Nos corpos, olhares e espaços retratados figuram narrativas do genocídio indígena, histórias de migração, trabalho e exploração, mas também de vida, costumes, esperança e futuro. Longe de se inclinar para uma leitura dramática ou condescendente, Farkas se volta para a vida e suas formas mais complexas.”

 

Veja também:

:: Vídeo

Serviços: 

o que:

Lançamento do livro Amazônia ocupada, com abertura da exposição homônima e sessão de autógrafos com o autor

onde:

Sesc Taubaté | Av. Engenheiro Milton de Alvarenga Peixoto, 1264, Esplanada Santa Terezinha - Taubaté / SP

quando:

18 de março de 2016. Sexta-feira, a partir das 19h30 

quanto:

Grátis

 

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