Sesc SP

postado em 28/03/2016

Caderno Sesc_Videobrasil 11: alianças de corpos vulneráveis

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O curador peruano Miguel A. López reúne ensaios visuais e artigos que atestam o impacto das formas de contestação crítica fundadas no corpo sobre a história e as gramáticas da arte

 

Como o feminismo, as dissidências sexuais e o ativismo queer estão transformando os discursos tradicionais da história da arte? Qual é o papel da arte nas formas de viver e representar o gênero? No 11º Caderno Sesc_Videobrasil – alianças de corpos vulneráveis: feminismos, ativismo bicha e cultura visual, o curador peruano Miguel A. López reúne ensaios visuais e artigos que atestam o impacto das formas de contestação crítica fundadas no corpo sobre a história e as gramáticas da arte. O lançamento da revista anual, publicada pela parceria entre as Edições Sesc São Paulo e a Associação Cultural Videobrasil, acontece no dia 28 de março de 2016 (segunda-feira), às 20h, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho.

"A partir dos anos 1960, emergem no campo da arte iniciativas feministas e LGBT que questionam os modelos de representação do corpo e o acesso à visibilidade”, diz López. “Surge a consciência de como as instituições e a história da arte são espaços de disciplinamento do corpo e do olhar, delimitando o que merece ou não ser visto. Recentemente, o feminismo e a teoria queer começaram a reclamar a relevância de obras de artistas com identidades que escapam à norma e a questionar a construção patriarcal, heterossexual, colonial e branca da história da arte e do discurso acadêmico”, completa o curador.

Com um projeto gráfico que se serve da cor vermelha para traduzir a intensidade das discussões de gênero, corpo, pós-pornografia, desejo e ativismo, o Caderno 11 reúne textos teóricos e ensaios visuais comissionados. No artigo que inspira a capa da publicação, a pesquisadora brasileira Fernanda Nogueira resgata a história do Movimento de Arte Pornô (MAP), coletivo que levantou a bandeira da liberação sexual no ocaso da ditadura brasileira, no começo dos anos 1980. Com o slogan “revolução e prazer”, artistas e poetas como Eduardo Kac e Claufe Rodrigues criaram ações públicas voltadas a liberar a sensualidade, subverter a linguagem e se solidarizar com as minorias no Brasil. A experiência é tema da conversa que marca o lançamento da publicação, com a presença de Miguel A. López e Fernanda Nogueira.

Em um ensaio de tom biográfico, a crítica norte-americana Julia Bryan-Wilson narra as primeiras experiências audiovisuais da cineasta Miranda July, que, nos anos 1980, deixa a faculdade de cinema – para ela, uma seara de ideias exclusivamente masculinas – e cria um circuito alternativo de troca de narrativas femininas em vídeo. O pesquisador espanhol transgênero Paul B. Preciado analisa a relação entre arte e pornografia, localizando o nascimento do termo no contexto dos museus europeus. Em colaborações de forte presença visual, o Colectivo Universitario de Disidencia Sexual (Chile), o pesquisador de ativismos anti-aids Aimar Arriola (Espanha), os artistas Ming Wong (Singapura) e Catherine Lord (EUA) e o grupo argentino de artistas-ativistas Serigrafistas Queer tratam da relação entre arte e gênero.

O Caderno inclui dois adendos: o folder-pôster Museu Travestí del Perú, projeto do filósofo e drag queen peruano Giuseppe Campuzano (1969-2013) que propõe uma revisão crítica da história do Peru sob a perspectiva da figura ficcional do “travesti andrógino indígena/mestiço”; e um estêncil criado pelas Serigrafistas Queer com a frase “El machismo mata!”. O “presente”, que pode ser usado pelo leitor para multiplicar a ideia, ecoa um dos desejos de Lopez para o Caderno: que sua leitura/fruição seja capaz de “inspirar a seguir imaginando e lutando por formas alternativas de amor e vida.” 

 

O curador
Escritor, curador, pesquisador e artista peruano, Miguel A. López trabalha, a partir de uma perspectiva sul-americana, temas como práticas ligadas às dissidências de gênero e a rearticulação da história da arte a partir de uma perspectiva queer. Um dos curadores convidados da 31ª Bienal de S. Paulo (2014), apresentou no evento a sala Dios Es Marica, com trabalhos queer de artistas ibero-americanos dos anos 1970-80, e o Museu Travesti do Peru, que tenta apresentar uma contranarrativa gay da história do país.

Sobre a Revista
O Caderno Sesc_Videobrasil é uma revista anual de arte contemporânea que explora o desenvolvimento de conceitos curatoriais em meio impresso. Criado em 2005, suas edições ficam a cargo de curadores/editores convidados, que reúnem contribuições e ensaios de artistas e pesquisadores em torno de eixos temáticos relevantes, como o uso do arquivo na arte contemporânea (Elvira Dyangani Ose), a ideia de pertencimento (Moacir dos Anjos) e o papel dos periódicos na arte (Rodrigo Moura). Entre outros curadores, o Caderno já esteve a cargo de Fernando Oliva, Lisette Lagnado, Marcelo Rezende, Paula Alzugaray e José Augusto Ribeiro (leia mais em: www.videobrasil.org.br/publicacoes).

 

 

Serviços: 

o que:

Lançamento do livro Caderno Sesc_Videobrasil 11: alianças de corpos vulneráveis

Conversa com Miguel A. López, Fernanda Nogueira e mediação de Teté Martinho

onde:

Livraria da Vila | Rua Fradique Coutinho, 915 - Pinheiros

quando:

28 de março de 2016. Segunda-feira, às 20h 

quanto:

Grátis