Sesc SP

postado em 26/02/2019

Um pensador humanista

Edgar Morin. Foto: Alexandre Nunis
Edgar Morin. Foto: Alexandre Nunis

      


Coleção Diários de Edgar Morin revela intelectual que não se se envergonha de mostrar seu lado de homem comum

Um homem comum, que se emociona e se indigna ante as situações com as quais se depara em seu cotidiano. Essa é a impressão causada pela leitura dos diários do filósofo francês Edgar Morin, publicados pelas Edições Sesc. Diário da Califórnia, Um ano Sísifo e Chorar, amar, rir, compreender revelam um pensador humanista, questionador e curioso, sempre disposto a redescobrir formas de se ver e estar no mundo. 

“É nos meus diários que dou o melhor de mim mesmo: são observações, reflexões, julgamentos nos quais me encanto ou me revolto, nos quais minhas qualidades literárias se expressam ou desabrocham”, afirmou Morin na ocasião do lançamento dos títulos em 2012 no Sesc Pompeia, em São Paulo.

Apesar de manter um diário durante a adolescência e a juventude, Morin não fez nenhum registro do tipo durante os anos decisivos da sua vida intelectual. O hábito foi retomado apenas mais tarde, no final da década de 1960, quando residiu na Califórnia a convite do Salk Institut, centro de pesquisas biológicas presidido pelo ganhador do Prêmio Nobel de Biologia, Jonas Salk, para desenvolver pesquisas integrando as ciências humanas a outras áreas do conhecimento.

A passagem de Morin pelo berço da contracultura no ano de 1969 é justamente o tema do registro mais antigo da coleção, Diário da Califórnia. Para além de uma leitura do Estado norte-americano, o relato é, sobretudo, um compilado dos aprendizados e vivências de Morin neste período – “uma temporada feliz, inesquecível pela paixão, pelo amor e pelas amizades”, descreve no livro.

Em Um ano sísifo, segundo título da coleção, relata os problemas ocorridos em 1994, ano em que todas as iniciativas empregadas por Morin a fim de reorganizar sua vida fracassaram. Além do registro detalhado do seu dia dia, na obra o autor reflete sobre acontecimentos do panorama político mundial que naquele ano tiveram ampla repercussão, tecendo uma narrativa que alterna momentos de ternura e melancolia em meio aos questionamentos sobre os tempos atuais.

Registro do ano de 1995, o livro Chorar, amar, rir, compreender apresenta relatos das constantes viagens internacionais de Edgar Morin, assim como suas correspondências com outros intelectuais e filósofos. Articulando episódios pessoais ao cenário internacional marcado por conflitos étnicos, como a guerra da Bósnia e o genocídio em Ruanda, o autor discute questões como o nacionalismo e a xenofobia, as desigualdade sociais e as más condições de trabalho.


Jornadas Edgar Morin

De 25 a 27 de março de 2019, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo promove as Jornadas Edgar Morin, evento dedicado à análise da obra de Morin e das suas principais contribuições no campo do método, da política, da humanidade, da era planetária, do pensamento politico, da educação, a partir de bases, fundamentos, horizontes do pensamento complexo, que têm como pressuposto a religação dos saberes e a superação definitiva das oposições entre ciência-filosofia-arte.

As inscrições podem ser feitas no site do Centro de Pesquisa e Formação ou diretamente nas unidades do Sesc em São Paulo. Os valores vão de R$ 9,00 a R$ 30,00. 

 

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