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postado em 25/06/2019

Beauvoir vem à Flip

Programação do dia tem Giselle Beiguelman, Izilda Johanson, Mbate Pedro e Paulo Sérgio do Carmo
Programação do dia tem Giselle Beiguelman, Izilda Johanson, Mbate Pedro e Paulo Sérgio do Carmo

      


Debate sobre feminismo e o legado da filósofa francesa será destaque no segundo dia de programação da Casa Edições Sesc durante a Flip 2019


Ao lançar, em 1949, o essencial O segundo sexo, Simone de Beauvoir (1908-1986) não apenas fazia com esse livro um marco da crítica ao modo como o feminino foi tratado ao longo dos séculos na história da filosofia, como trazia a ideia central de que a figura desse eu feminino só poderia ser analisada corretamente a partir da perspectiva de um sujeito que não é o “ela”, mas o outro: o masculino. Setenta anos depois, a obra de Beauvoir, assim como a própria autora, permanece sendo um dos motores de propulsão do movimento feminista contemporâneo. Justamente por isso, deve ser concorrido o debate intitulado “Simone de Beauvoir e a questão do feminismo hoje”, que acontece no dia 12 de julho, marcando o segundo dia de programação da Casa Edições Sesc durante a 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (confira a programação completa aqui).

Marcado para às 19h, o encontro terá participação de Izilda Johanson, doutora em filosofia pela USP e professora adjunta da Unifesp, e da crítica literária Leda Tenório da Motta, que assina a apresentação do livro Beauvoir presente (Edições Sesc), escrito pela filósofa, psicanalista e crítica literária búlgaro-francesa Julia Kristeva. De acordo com Motta, a conversa irá girar sobre o legado da pensadora francesa para o mundo de hoje. “Diante da influência não apenas da fórmula, mas de O segundo sexo, que é o monumento literário do pós-guerra francês que tão perduravelmente a encaminha, estamos diante de uma verdadeira ‘revolução antropológica’. A própria Kristeva se encarrega de explicar o que quer dizer com isso. Não se trata apenas da negação de que a feminilidade está inscrita para sempre na ordem das coisas, nem da afirmação do trabalho da cultura na construção dos gêneros, nem da reivindicação de igualdade e liberdade que daí decorre. Com essa interpelação da predestinação à submissão de uma parte da espécie em relação à outra parte, Beauvoir simplesmente muda a espécie”, aponta.

Simone de Beauvoir, assim como Sartre, era representante do existencialismo, corrente filosófica em que o indivíduo com suas angústias, dilemas e mundanidade está no centro da discussão. E, como característica, jamais separou filosofia de literatura. Assim, ainda de acordo com Leda Motta, “Beauvoir e Sartre são pensadores e escritores, que filosofam por romances interpostos.  Nesse sentido, como ainda nota Julia Kristeva, O segundo sexo é uma formidável incursão ficcional, é coisa de literata. E essa é a outra grande lição do livro. Foi preciso que Beauvoir se pusesse em posição de personagem, que se colocasse ‘em situação’, para que pudesse se imaginar outra”.

O existencialismo está também, de diferente modo, ligado a outro encontro que a Casa Edições Sesc promoverá na Flip. Dessa vez, em 11 de julho – um dia antes do evento sobre Beauvoir –, o público presente acompanhará, às 17h, o debate em torno do livro Mutações: dissonâncias do progresso. Organizado pelo filósofo e jornalista Adauto Novaes, a publicação traz artigos de 15 pensadores contemporâneos sobre como os avanços tecnológicos impactaram positivamente áreas fundamentais do nosso cotidiano ao mesmo tempo em que provocaram uma enorme ruptura negativa na nossa relação com o outro, com o nosso entorno e com a ecologia. Para o encontro do dia 11, além de Novaes, estarão presentes também o professor Eugênio Bucci e o arquiteto Guilherme Wisnik.

 

OUTRAS ATRAÇÕES DO DIA 12

É vasto o campo de discussão promovido nos encontros da Casa Edições Sesc. Na sexta-feira, dia 12, o dia começará às 11h com a mesa “Língua portuguesa e cultura moçambicana”, trazendo o poeta moçambicano finalista do Prêmio Oceanos, Mbate Pedro, e a escritora portuguesa Isabel Lucas. Às 15h é a vez do bate-papo sobre o livro Prazeres e pecados do sexo na história do Brasil, com o autor Paulo Sérgio do Carmo, que discorre sobre o tema a partir de documentos históricos, estudos, memórias, romances e anedotas. Já às 17h é a vez do lançamento do livro Memória da amnésia: políticas do esquecimento, com debate sobre patrimônio cultural com a autora Giselle Beiguelman, com a diretora do Museu Paulista, Solange Ferraz, e com o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. Encerra o dia, às 19h, o evento sobre Simone de Beauvoir, destacado acima.

 

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