Sesc SP

postado em 19/09/2019

Nossos palcos

Paulo Autran, em cena de Arsênico e Alfazema, 1951. Foto: Fredi Kleemann
Paulo Autran, em cena de Arsênico e Alfazema, 1951. Foto: Fredi Kleemann

      


Volumes de História do teatro brasileiro permanecem como o mais completo estudo já realizado sobre o teatro praticado no país

 

O crítico e historiador Sábato Magaldi afirma, no ensaio “Onde está o teatro?”, ter o teatro brasileiro uma vocação irrecusável para se fazer presente, embora nem sempre historiadores e intelectuais tenham devotado a ele sua merecida importância. O que ocorre é que durante muito tempo a arte teatral no país careceu de tradição, uma vez que parecia sofrer, passivamente, influência direta das manifestações estrangeiras. É a partir dos ventos de modernização que passam a soprar sobre a cultura brasileira na década de 1930 que nosso teatro começa a usufruir de expressiva recepção junto à comunidade acadêmica e intelectual. A dramaturgia de Oswald de Andrade e de Nelson Rodrigues e a presença dos diretores estrangeiros que aqui chegaram durante a Segunda Guerra Mundial (o polonês Ziembinski, entre eles) costumam ser saudadas como marcos reguladores desta modernidade.

Se uma teatralidade genuína nos acompanha há quinhentos anos, é compreensível perguntar por que a história das formas teatrais no país não havia sido ainda devidamente contada. Empenhadas em preencher essa lacuna, a Editora Perspectiva e as Edições Sesc lançaram em 2013 História do teatro brasileiro: das origens ao teatro profissional da primeira metade do século XX e História do teatro brasileiro: do modernismo às tendências contemporâneas. O projeto e o planejamento das obras são de responsabilidade dos professores Jacob Guinsburg e João Roberto Faria, da Universidade de São Paulo, incansáveis divulgadores da causa teatral no Brasil.

 


Pano de boca do Teatro de S. João, de autoria de Debret

 

O primeiro volume inventaria as raízes teatrais do país por meio de cinco densos capítulos que abordam desde o teatro jesuítico até a obra de Gonçalves de Magalhães. Tais capítulos haviam sido escritos por Décio de Almeida Prado para um compêndio historiográfico que o crítico tinha a intenção de publicar, mas que, infelizmente, não conseguiu concluir – daí a mais que bem-vinda homenagem que este livro presta ao extraordinário homem de teatro que foi Décio.

O segundo volume também está dividido em cinco partes que vão desde as primeiras tentativas de modernização ocorridas na década de 1920 ao rico e eclético conjunto de manifestações teatrais modernas e contemporâneas. Os capítulos foram escritos por um corpo de colaboradores formado por estudiosos do teatro que atuam no âmbito universitário ou da grande imprensa.

O teatro brasileiro constitui-se em um terreno que vem conhecendo, ao longo desses quinhentos anos de história, bons momentos de fama e de prestígio. Dos autos de Anchieta – catequéticos, porém forjados sob uma ótica teatral legítima – às encenações contemporâneas, o teatro tem sido palco das mais inventivas experimentações dispostas a ir ao encontro de nossa brasilidade. Ao inventariar e analisar processos artísticos, sociais e culturais que, desde de Anchieta, fazem parte de nosso jeito de ser e estar no mundo, os volumes de História do teatro brasileiro permanecem como o mais completo estudo já realizado sobre o teatro praticado no país.

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