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postado em 20/01/2020

Memória paulistana

Mercado Municipal c. 1933. Foto a partir do livro Mercados e feiras livres em São Paulo
Mercado Municipal c. 1933. Foto a partir do livro Mercados e feiras livres em São Paulo

      


No aniversário de 466 anos de São Paulo, veja como as mudanças envolvendo arte pública, comércio de alimentos e infraestrutura modelaram a paisagem da capital

 

Moderna, multicultural, pioneira, cosmopolita. São inúmeros os adjetivos da maior cidade do Hemisfério Sul, a mais rica da América Latina e com a maior concentração de falantes da língua portuguesa no mundo: São Paulo, metrópole que neste sábado (25) completa 466 anos.

Na história desta querida “quatrocentona”, destaca-se o período a partir do final do século XIX, quando sua população passou a crescer vertiginosamente com a chegada de imigrantes europeus e japoneses para trabalharem nas lavouras de café e posteriormente nas fábricas localizadas em bairros como Brás e Barra Funda. De pequena vila à megalópole, em um século São Paulo saltou dos quase 580 mil habitantes em 1920 para os atuais 12,25 milhões.

O intenso processo de urbanização deste território suscita questões pouco discutidas pela historiografia. Partindo dessa premissa, selecionamos em nosso catálogo três autores que analisam aspectos inusitados da memória paulistana, como o valor da arte pública, a necessidade de suprir a demanda por alimentos diante do irrefreável avanço populacional e as transformações na paisagem urbana decorrentes das formas de ocupação do núcleo central da cidade.

 


Depósito do Canindé e Arquivo Histórico Municipal. Imagens a partir do livro Memória da amnésia

Em Memória da amnésia: políticas do esquecimento, a artista Giselle Beiguelman investiga a relação da cidade com seus monumentos do passado, fomentando uma discussão sobre o direito à memória do espaço público e a necessidade de políticas públicas para o setor. Em São Paulo, ela verifica uma tradição de nomadismo das obras devido às inúmeras transformações urbanas e do tratamento dado a elas nos depósitos, tidos como sítios de descarte. A publicação resulta de uma intervenção artística homônima que fez o traslado das esculturas do Depósito do Canindé para uma exposição no Arquivo Histórico Municipal, entre elas, as famosas lagostas originais da Fonte Monumental, na Praça Julio Mesquita.

 


Vendedores de alimentos, 1911. Foto a partir do livro Mercados e feiras livres em São Paulo

Já o historiador Francis Manzoni aborda em Mercados e feiras livres em São Paulo (1867-1933) a transformação do centro paulistano em polo de produção e comércio de alimentos. Sob a perspectiva da história social, Manzoni faz um recorte do comércio de rua do final do século XIX à inauguração do Mercado Municipal, em 1933, ressaltando a participação dos negros, imigrantes, tropeiros, lavradores e vendedores ambulantes. Com fotografias, mapas e dados da época, o livro apresenta essa pluralidade de vozes, produtos, identidades e formas de trabalho, também revisitando temas como a reforma urbana na cidade e o embate com o poder público.

 


Capa do livro. Reprodução

Entre os próximos lançamentos das Edições Sesc está o livro Várzea do Carmo a Parque Dom Pedro II: de atributo natural a artefato, da historiadora Vanessa Costa Ribeiro. Na obra, a autora analisa como os projetos de reforma da Várzea do Carmo, região historicamente atingida por enchentes, interferiram nas formas de ocupação de São Paulo, chegando até mesmo ao ponto de transferir o ‘portão de entrada da cidade’ da região do Tamanduateí para a avenida Paulista. O título está previsto para chegar nas livrarias ainda no primeiro semestre de 2020. Fique ligado! 

 

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