Jean-Philippe Domecq desconstrói as reflexões e a crítica comumente elogiosa sobre a arte moderna e contemporânea
Em Uma nova introdução à arte do século XX, o romacista e ensaísta francês Jean-Philippe Domecq questiona o senso comum que envolve o olhar em relação à arte do século passado, reavaliando o tratamento canônico que a historiografia oficial, os meios de comunicação de massa e a indústria cultural dão às criações artísticas e aos eventos que permearam o turbulento século XX.
Sem se desviar da polêmica e do debate, o autor lida com questões conceituais como a etnologia, a pré-história, o Oriente, a abstração pictórica, o surrealismo e o “teorismo”, e também problematiza o trabalho de artistas europeus consagrados como Pablo Picasso, Henri Matisse, Pierre Bonnard, Marcel Duchamp e René Magrite, entre tantos outros, não deixando de destacar o impacto das influências externas apreendidas por esses grandes nomes em seu fazer artístico.
Domecq encara a modernidade artística de modo muito particular, e esse seu revisionismo histórico é uma grande contribuição para nos afastarmos da apatia de lidar com o legado artístico e cultural do século passado a partir do senso comum, da superficialidade, de um status quo crítico já dado e inquestionável.
Uma nova introdução à arte do século XX é um convite ao incômodo e à ampliação do pensar. Por meio da obra, o leitor tem a oportunidade de sair de sua zona de conforto intelectual e considerar novas perspectivas em sua reflexão sobre o passado, não perdendo de vista, assim, novos olhares também para nossa contemporaneidade, herdeira inelutável desse conturbado e rico século XX que, irremediavelmente, entremeia nosso presente.
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