Morre, aos 71 anos, o artista responsável por dar um novo significado ao trabalho do cenógrafo no Brasil
Zé de Anchieta, como era conhecido no meio artístico, faleceu na tarde desta quinta-feira (23), aos 71 anos, vítima de complicações decorrentes de diabetes. Eles estava internado desde segunda no hospital Sancta Maggiore de Pinheiros. O corpo será velado entre 22h de hoje e 15h de sexta-feira, no Theatro Municipal de São Paulo, e em seguida será levado ao crematório da Vila Alpina. Costa deixa sua mulher, Chaké Ekizian, três filhos e quatro netos.
José de Anchieta Costa nasceu em Caruaru, Pernambuco, em 23 de fevereiro de 1948 e iniciou sua trajetória profissional em 1962 como ator em programas infantis da TV Cultura. Consagrou-se como cenógrafo e figurinista trabalhando ao lado de importantes diretores de teatro como Antunes Filho, Ademar Guerra, Flávio Rangel, Antônio Abujamra e Cacá Rosset. Ganhou, entre outros, o prêmio máximo de cenografia mundial de teatro: a Triga de Ouro da Quadrienal de Cenografia, Indumentária e Arquitetura Teatral de Praga, na República Tcheca, em 1995.
A arte da cenografia. José de Anchieta, 2011
Dono de uma estética deslumbrante, em larga medida influenciada pelas cores do carnaval e das festas religiosas de sua terra natal, Anchieta levou para os palcos brasileiros um conceito de cenografia elaborada a partir da análise aprofundada e da interpretação eminentemente pessoal do conteúdo e da forma do texto teatral. Para o exercício de sua profissão, o cenógrafo considerava de vital importância o domínio do desenho de criação, imprescindível para expor as ideias ao diretor, ao elenco e à equipe técnica.
Com aguçada sensibilidade ao fato teatral e criatividade de artista plástico, José de Anchieta publicou pelas Edições Sesc São Paulo o livro Cenograficamente: da cenografia ao figurino (2015), obra em que o artista trata de seu ofício, de suas memórias, das influências, dos amigos e oferece ao leitor o belíssimo trabalho realizado em seus cadernos de cenografia e figurino.
Veja também:
:: Um artista sui generis | Como se observa em Cenograficamente: da cenografia ao figurino, não é com teorias que se há de conhecer e compreender a obra de José de Anchieta, mas com o olhar