Em um mundo em contínua transformação, mais atenção e reflexão apuradas se fazem necessárias sobre o processo de educação
O que é educação? Qual o papel dela neste novo contexto político? Como está a se transformar em um mundo conectado em rede? As respostas não são únicas, mas neste 28 de abril – e não só hoje, claro –, Dia Internacional da Educação, o tema merece nossa atenção e uma reflexão mais apurada. Para marcar a data, fizemos uma seleção com cinco livros que avançam dentro do universo educativo, expondo visões e abordagens múltiplas. Confira:
1- Arte da aula
Organizado pelo professor e doutor em filosofia Denilson Soares Cordeiro e pelo professor e doutor em história social Joaci Pereira Furtado, o livro discute o papel do educador por meio de entrevistas com dez renomados professores, incluindo entre eles Willi Bolle, Olgária Matos, Renato Janine Ribeiro e Marilena Chaui. Tais mestres, todos de universidades estaduais paulistas, falam sobre a experiência insubstituível do exercício do saber compartilhado. Devido ao momento histórico em que o prestígio da educação não resulta em políticas efetivas, Arte da aula aparece também como uma “peça de resistência”.
2- Didática da participação: teoria, metodologia e prática
É sabido que a condição primordial para a constituição de uma sociedade verdadeiramente democrática é a participação. Todavia, na visão de Victor J. Ventosa, doutor em educação pela Universidade Pontifícia de Salamanca, o estudo da participação tem sido escasso e, na maioria dos casos, focado na psicologia social. Por isso, neste livro, ele avança no tema por uma perspectiva sociopedagógica, fornecendo as bases para o estabelecimento de um processo fundamentado de ensino e aprendizado da participação. Para ele, a animação sociocultural é o meio mais adequado para a concretização disso.
3- Abecedário de personagens do folclore brasileiro
Nossas raízes e o conhecimento cultural são, obviamente, pilares fundamentais do processo educativo. Nesse sentido, o trabalho da jornalista e escritora Januária Cristina Alves neste livro é essencial, especialmente por (re)apresentar ou introduzir para novas gerações 141 personagens significativas e recorrentes do nosso folclore. A autora busca contemplar a diversidade de origens, enfatizando a formação da cultura brasileira. Entre humanos, bichos e seres fantásticos, cada personagem é apresentada em forma de verbete ilustrado, com todas as características físicas e psicológicas, sua origem e as narrativas em que aparece.
4- Quer jogar?
Este livro é fruto de um projeto da psicóloga Adriana Klisys e do poeta-pintor Carlos Dala Stella, focado, a partir de fundamentação teórica, nos conceitos envolvidos nos jogos e brincadeiras, como a ludicidade e o respeito às regras. A publicação é ricamente ilustrada e, com reflexão aguda ou poética, aponta tanto os jogos e as brincadeiras mais tradicionais e seus desdobramentos como os mais atuais.
5- Fala de bicho, fala de gente: cantigas de ninar do povo juruna
Como educação também é memória, este livro se coloca nesse viés de preservação como meio de educar futuras gerações. Escrito pela linguista e musicista Cristina Martins Fargetti, com participação da compositora, cantora e pesquisadora da cultura indígena brasileira Marlui Miranda, o livro é fruto de uma pesquisa inédita sobre o povo tupi da família juruna, sobreviventes de um processo de genocídio que, na década de 1960, reduziu sua população a cerca de cinquenta pessoas – hoje são cerca de quinhentos indivíduos no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso. Além dos estudos sobre a língua e a cultura desse povo, o livro traz as partituras e um CD com cantigas de ninar gravadas com as vozes das mulheres da tribo.