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postado em 04/07/2019

Um Plano: José Eduardo Martins - Nocturne Op.6 Nº 1

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O que melhor define um gênero musical em seu tempo de existência na terra? As suas influências? Nuances? História dos seus compositores e principais intérpretes? Uma composição específica?

O Romantismo é um exemplo disso, A Sinfonia nº 3 (Eroica), de Beethoven, obra de 1804, é por vezes considerada como o marco do fim do período clássico e do começo da música romântica. Mas alguns musicólogos situam que o início do romantismo na música aconteceu já no final do século XVIII, enquanto outros consideram que o período romântico tem início por volta de 1810, ano em que o termo "romântico", antes apenas aplicado ao movimento literário, foi usado para qualificar Beethoven por E.T.A. Hoffmann (1776-1822), nos seus ensaios sobre a Sinfonia nº 5 . Já o final do romantismo na música é situado entre 1880 e 1910, a depender do autor.

Mas entre o início e o fim de algo, existe algo que nosso eterno poeta já denominou muito bem como "meio". Sendo assim, no romantismo especificamente, cabe uma porção de sucessivos eventos que fizeram do gênero um marco na história da música. A ideia geral do movimento é que a verdade não poderia ser deduzida a partir de postulados (ou axiomas, para outros). Certas realidades só poderiam ser captadas através da emoção, do sentimento e da intuição. Por isso, nesta época, caras como Haydn, Mozart e Beethoven com suas próprias inovações, buscaram em sua música maior fluidez de movimento, maior contraste, e cobertura das necessidades harmônicas de obras mais extensas.

Um músico brasileiro viveu o fim desse período, tendo ido muito cedo, aos 16 anos, para Itália. O jovem Henrique Oswald pôde estudar por vários anos em Florença, desenvolvendo seu inato talento, ajudado pela influência artística da famosa e bela cidade da Toscana. Oswald compôs diversas peças neste período. Em 1902, por exemplo, receberia o primeiro prêmio por sua composição Il Neige, láurea recebida do jornal “Le Figaro” em Paris, em concurso em que concorreram 647 peças de autores de todo o mundo.

Após breves viagens ao Brasil, retornaria definitivamente ao país em 1903, onde inicialmente dirigiu o Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro. Permaneceu no estabelecimento durante décadas, tendo orientado gerações de músicos que se destacaram no cenário brasileiro. Faleceu em 1931 no Rio de Janeiro. A obra de Henrique Oswald abrange vários gêneros: sinfônico, camerístico, coral, operístico e, sobretudo, piano solo.

Nesta edição do Um Plano, temos o prazer de ver a obra de Oswald interpretada por José Eduardo Martins. O pianista e professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP é o responsável pela redescoberta de Oswald, antes praticamente desconhecido, de quem gravou obras inéditas e publicou partituras. Para a edição, ele apresenta a primeira parte do díptico Nocturnes op. 6 que se situam entre o que de melhor no gênero foi escrito no período. O vídeo foi gravado durante sua apresentação de lançamento do CD O Romantismo de Henrique Oswald, na Igreja Nossa Senhora da Boa Morte em junho de 2019.