atividade presencial
Grátis
Local: Espaço de Leitura - 3º andar
Retirada de ingressos 30 minutos antes na Central de Atendimento.
Data e horário
De 29/03 a 29/03
Das 14h às 18h
O erotismo sempre foi explorado pela poesia, mas, em grande parte da produção erótica mais difundida, persiste a reprodução do pensamento colonial, limitado na percepção multidimensional da libido. Para romper com essas amarras, Jordan propõe a oficina de escrita HomoAfroErótica, voltada para homens negros cis, trans, gays e pessoas não binárias, com o objetivo de criar poéticas subversivas e emancipadoras.
Baseado no livro Coisa Feita – dois preto apaixonado na cama, vencedor do Prêmio Caio Fernando Abreu (2023), o espetáculo Coisa Feita mistura música e spoken word para narrar a trajetória de um casal gay e afrocentrado. A performance revela suas projeções singulares de afetividade, suas perspectivas decoloniais do erotismo e seus medos mais profundos. Além disso, traz ao palco personagens gays do período pós-abolição que resistiram à cultura de estupro da sociedade escravocrata. As poesias são interpretadas por Jordan, slammer atuante na cena paulistana, e acompanhadas por um repertório de músicas compostas e popularizadas por artistas negros da MPB, de Chico César a Baden Powell, criando uma fusão entre palavra e sonoridade.
A poesia sempre exerceu poder sobre a construção das masculinidades. Do parnasianismo ao modernismo, o homem preto foi erotizado de forma limitada, muitas vezes reduzido à brutalidade e à animalidade. Enquanto isso, a arte homoerótica europeia exaltava a sensibilidade, a inteligência e a eterealidade do homem branco, reforçando narrativas que perpetuam subjetividades infrutíferas.
Se a poesia foi instrumento para a consolidação desse ethos, pode também ser ferramenta para sua dissolução. A poesia HomoAfroErótica propõe uma nova imaginação, desbastando o azulejo colonial de Eros e quebrando paradigmas que sustentam o desejo hegemônico. O futuro há de contar com canções de ninar onde meninos negros adormecem sabendo-se imponentes, belos e perspicazes — tão grandiosos que correm o risco de serem raptados por deuses. Dentro dos próximos milênios, existirá poeta empático o suficiente para implorar que Oxalá devolva a vida do entregador de aplicativo morto na Marginal Pinheiros.
A poesia HomoAfroErótica não é um projeto narcisista, porque temos os cacos do espelho de Oxum para ajuntar. Mas poderia ser.
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