A ideia de ficção ganhou diferentes registros dentro da psicanálise. Desde as primeiras investigações psicanalíticas, Freud produziu em sua obra uma relação entre o campo da ficcionalidade e o psiquismo. De forma que a leitura do aparelho psíquico empreendida pela psicanálise se deu a partir da coincidência entre ficção e o próprio psiquismo. São as cenas, fantasmas e mitos que irão marcar as subjetividades e a cultura.

Por essa via, podemos afirmar que os conceitos psicanalíticos guardam um estreito vínculo com a literatura e com as metáforas, como também que a psicanálise, nesse movimento, introduz ela mesma uma nova forma no campo das ficções.

Emblemático disso é A interpretação dos sonhos, onde ao descortinar uma inventiva perspectiva sobre o inconsciente através dos sonhos, Freud intervêm nas formas narrativas quando rompe com os limites do biográfico, ensaístico e ficcional e realiza uma escrita que para além de tematizar os sonhos, encena a própria experiência do inconsciente dentro do livro, introduzindo uma forma performática da narrativa.

O curso irá percorrer as bases das relações entre psicanálise e ficção, além de investigar o modo de ficção (assim como as suas estratégias e procedimentos) que se apresenta no livro paradigmático de Freud, A interpretação dos sonhos.

Aula 1 – 12/11: Representação-coisa e representação-palavra: transformação e inscrição nas bases do psiquismo

Aula 2 – 19/11: Da teoria da sedução à teoria do fantasma: a psicanálise nos domínios da ficção

Aula 3 – 26/11: As fantasias da psicanálise: mitos e a escrita; conceitos e as metáforas

Aula 4 – 03/12: A interpretação dos sonhos: o trabalho do sonho e o trabalho do livro

Com Bruno Siniscalchi é psicanalista. Trabalha em práticas clínicas, artísticas e curatoriais. Coautor de “É de raça que estamos falando: Tornar-se herdeiro da psicanálise no Brasil” (7Letras, 2024). Membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos e dos grupos clínicos Psi Maré e Instituto de Estudos da Complexidade (IEC-RJ), integrantes da Rede de Atenção a pessoas Afetadas pela Violência de Estado (RAAVE).