Vivemos em um país no qual classe, gênero e raça sempre foram os pilares das manicomializações, como estratégia de apagamento e silenciamento do corpo indesejado. Até por isso, pouco se fala do perfil dessas pessoas que os “brasileiros” querem ver longe. Neste ciclo de debates, será discutido o desnorteamento da (des)razão, no rompimento com as dimensões patriarcais/machistas e coloniais/racistas que ancoram a razão ocidental, com seu horror à diferença, na descolonização e o aquilombamento da saúde mental, entendido como a reparação dos laços que foram rompidos entre o indivíduo e a comunidade, as bases para a reforma psiquiátrica e o movimento antimanicolonial, na busca por um sistema de atenção à saúde mental que seja inclusivo, respeite os direitos e as garantias individuais e se guie pela ciência e pelo afeto, levando em conta o respeito às diferenças. Saúde Mental e Relações Raciais é sobre como fazer e sobre como isso vem sendo feito em parte por coletivos que resolveram enfrentar a situação.
O ciclo tem como objetivo discutir as relações entre saúde mental e racismo (interseccionado à gênero e classe) e os dispositivos/ferramentas de produção de saúde mental antirracista. Sendo eles: aquilombação; desnorteamento; antimanicolonialidade.
Essa atividade integra o conjunto de programação “Em debate: Aquilombamento e resistência”.

Programa:

Data – 28/03
Horário: das 15h às 21h

– 1º encontro/roda de conversa – A Criação do Crioulo Doido e da Negra Maluca:
Aspectos históricos da vinculação entre loucura e população negra
(Manicolonialidade) e, possíveis ferramentas produtoras de saúde menta. Desnorteamento. Com Maria Cristina Gonçalves Vicentin (USP) – Mediação: Emiliano de Camargo David (UERJ).
– 2º encontro/roda de conversa – Ideias força de produção de subjetividade
aquilombada e, Quilombo enquanto metáfora de liberdade: Aquilombação. Com Marcio Farias (PUC-SP e AMMA Psique e Negritude) –
Mediação: Emiliano de Camargo David (UERJ)
– 3º encontro/roda de conversa – A Antimanicolonialidade: Radicalização
antirracista no cuidado em Saúde Mental, em especial na Reforma Psiquiátrica
Brasileira. Com Bárbara dos Santos Gomes (UFBA) – Mediação: Emiliano de Camargo David (UERJ).

Com: Bárbara dos Santos Gomes, enfermeira pela UFBA, especialista em saúde mental coletiva pela UFRGS. Segue nos estudos em fitoterapia e alquimia kemetica. Desenvolve estandarte de autocuidado ZAMI.

Com Emiliano de Camargo David, psicólogo e psicanalista, doutor e mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com especialização lato sensu em Psicopatologia e Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Professor adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IP/UERJ) É membro e docente do AMMA Psique e Negritude. Também é membro do Grupo de Trabalho Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.

Com Maria Cristina Gonçalves Vicentin, docente do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e do Mestrado Profissional da Terapia Ocupacional da USP. Membro do Laboratório Psicanálise, Sociedade e Política do IP-USP e do Grupo de pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Memória IEA-USP.

Com Márcio Farias, professor do Departamento de Psicologia Social da PUC-SP, coordenador de pesquisa do AMMA Psique e Negritude. Autor do livro Clóvis Moura e o Brasil.