Considerando a importância central que as imagens, assim como a atividade manual, desempenharam na pesquisa de Nise da Silveira, propomos uma oficina que estende pontes entre o desenho e o bordado. 

Propomos o bordado livre como uma forma de explorar o trabalho das mãos e a forma em que ele revela o universo interior de cada participante: a forma de segurar agulha e tecido e a sensação que eles despertam, a qualidade e ritmo dos pontos, as emoções e memórias que se apresentam durante a atividade. O fio do bordado conduz livremente as ações e a pessoa que borda pode observar o desenrolar delas. 

Propomos o desenho feito a várias mãos, pelo método de cadáver esquisito, como uma forma de abrir algumas brechas nos padrões familiares de imaginação dos participantes, por onde seja possível entrever um pouco do universo do inconsciente e das imagens que o habitam, uma janela para os lugares de vida interior que Nise investigava. Os artistas surrealistas do início do século XX, desenvolveram alguns métodos de criação de imagem e texto, que incluíam o automatismo, o acaso e a aleatoriedade como elementos determinantes do processo. Dentre estes métodos, se destaca o cadavre esquis (cadáver delicioso, ou cadáver esquisito), que consiste em fazer um desenho, ou escrever uma frase ou palavra numa parte de um papel, logo dobrá-lo, de forma a ocultar o que foi feito e passar adiante, para que outra pessoa continue o desenho, que novamente é dobrado para ocultar o que tenha sido feito e, assim, sucessivamente, até completar a área toda do suporte que, então, é desdobrado, revelando a imagem resultante. Estas imagens, criadas coletivamente e sem um controle do resultado final, trazem à superfície um universo inusitado e agradavelmente perturbador, abrindo campo para a surpresa e flexibilizando as possibilidades de imaginação e expressão. 

Inscrições on-line a partir do dia 14/1, às 14h, através do portal https://centralrelacionamento.sescsp.org.br ou aplicativo Credencial Sesc SP.