Neste mês o Cai na Prosa, traz Marcelino Freire para comentar a obra ‘Campo Geral’, de João Guimarães Rosa. A mediação é da educadora de Isabella Tramontina.

Miguilim, protagonista da obra, se sente indisposto e só, no desfecho da história descobre uma dificuldade para enxergar que se resolveria com apoio de óculos. No entanto, a visão de Miguilim passa por uma série de experiências e amadurece e ele pode, enfim, interpretar o mundo ao seu redor, para além do narrador e sua família.  

Guimarães humaniza cada um dos personagens, reforçando a vivência regional de pessoas por meio da oralidade e dos costumes locais: perspectiva silenciada até então na Literatura. 

Para esta conversa convidamos Marcelino Freire, cujos livros são absolutamente sonoros, de modo a torná-los regionais, plurais e vivos. Além de que seus protagonistas com frequência saem do eixo padrão de personagens, assim como fez Guimarães Rosa ao destacar a rotina de pessoas comuns no sertão mineiro. Que influência, então, tem a oralidade na construção da sensibilidade literária e da identidade brasileira? 

Marcelino Freire nasceu em 1967, em Sertânia, Pernambuco. É conhecido por suas obras, constantemente adaptadas para o teatro, e por sua atuação como professor de oficinas de criação literária, além de produtor cultural. Vive em São Paulo desde 1991. Escreveu, entre outros, “Contos Negreiros” (Editora Record, 2005), com o qual foi vencedor do Prêmio Jabuti, livro também publicado na Argentina e no México. Em 2013 lançou, pela Editora Record, o romance “Nossos Ossos” (Prêmio Machado de Assis), também publicado em Portugal, na Argentina e na França. É o criador e curador da Balada Literária, evento que reúne, desde 2006, escritores nacionais e internacionais pelo bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Em 2018, lançou o livro “Bagageiro”, reunindo o que ele chama de “ensaios de ficção” (Editora José Olympio). Em 2021 saiu pela José Olympio a “Seleta” com seus contos preferidos. 

Isabella Tramontina é graduada em Letras pela UNICAMP, tive a oportunidade persistente de estudar as relações entre linguagem, poder e sociedade. Na sequência, fiz uma especialização em História da Arte pela PUC-SP e, hoje, leciono também cursos on-line, relacionando Literatura a contextos sociais da atualidade. Leciono as disciplinas de Literatura, Redação, Leitura e Projeto de Vida para públicos de idades diferentes, em escolas particulares e no cursinho popular Chico Poço. Apaixonada por palavras desde pequena, aprendi a ler com a minha mãe e amar os livros com a minha irmã. Costumo dizer que “a educação é a minha promessa”, porque o que me movimenta está dentro do diálogo-aprendendo.