O Cinerama é um multi instrumento interativo para sonorização de filmes em tempo real, que pretende proporcionar ao público uma experiência ativa de criação e (re)significação da teia dramatúrgica envolvendo som e imagem. As interfaces são pensadas de forma a fomentar a livre experimentação incluindo botões, potenciômetros e ação direta sobre cordas e pedais, teclas e lâminas vibrantes. O instrumento é composto por geradores de sons eletrônicos e eletroacústicos, geradores de ruídos e processadores de efeito.

A ideia de um “instrumento” que possibilite a sonorização de filmes em tempo real tem como referência, na ação, por um lado, a prática realizada na primeira fase do cinema, até o final dos anos 1920, onde os filmes eram sonorizados nas próprias salas de exibição, geralmente por um pianista que escolhia o repertório que pessoalmente julgasse mais adequado para o filme em exibição. Dessa forma, a “trilha sonora” não era uma constante, conectada à película. A experiência som-imagem variava, de sala para sala, ou mesmo na própria sala, dependendo do intérprete e suas escolhas pessoais no momento de exibição.
Por outro lado, antes de se tornar um evento de massa, as imagens em movimento foram, por um curto período, experienciadas de forma individual, pelo cinetoscópio, instrumento criado pelas indústrias Edison, onde o espectador assistia sequências de imagens a partir de uma espécie de olho mágico posicionado sobre uma caixa.

O desenho do Cinerama, incorpora a estética do fliperama, elemento da cultura pop dos anos 80, partindo da ideia de experiência individual (ou em dupla, como ocorria nos fliperamas), e, por outro lado, a ideia da sonorização como um processo único e temporal, atrelando, assim um caráter fortemente lúdico a um tipo de experiência ativa de criação incomum às práticas cotidianas.
As medidas do console, inspiradas na estética dos fliperamas, foi projetada levando-se em conta a altura normatizada para acessibilidade.