O jargão economicista “década perdida” para se referir aos anos 1980 acabou afetando interpretações sobre a cultura, a arte e sua historiografia no período. No entanto, processos históricos vividos nessa década são fundamentais para a compreensão da história recente. Neste curso, revisitamos a década, a partir de obras e exposições realizadas no Brasil, propondo repensá-la a partir da reconstituição de configurações de mundos da arte neste período, considerado em sua complexidade. Nos encontros, vamos rever a diversidade de manifestações artísticas que se sucederam e se consolidaram ao longo daqueles anos e também em nosso tempo.

A pergunta-título da exposição realizada em 1984 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) – “Como vai você, geração 80?” – motivou e ainda motiva pesquisas e reflexões sobre arte, cultura e estética no período. Apesar da ideia de “década perdida”, proveniente da estagnação e instabilidade econômicas que marcaram aqueles anos, é importante lembrar que, no período, ocorreram mudanças significativas nos campos da arte e cultura que oferecem chaves de análise para a revisão de valores e interpretações sobre a história recente e atual do país.

Nesse sentido, a arte produzida não só no Rio de Janeiro ou Sudeste, mas também em outras regiões do país, segue alimentando reflexões e desdobramentos. Ao revisitar artistas e exposições de contextos e locais distintos, nos propomos a ampliar o olhar para a complexidade e diversidade artística da época.

Cada encontro parte de estudos de caso da história das exposições, investigando os modos como a produção e mediação artísticas estão imbricadas nos debates públicos e nas construções de categorias de compreensão sobre a cultura brasileira. Abordamos também os fluxos de referências artísticas no interior do país e entre o Brasil e outros países, focando sobre os processos que reconfiguram as narrativas e interpretações sobre diversos aspectos da história.

Com Amanda Tavares, curadora e pesquisadora. Doutora e pós-doutora em Artes, com atuação no campo da pesquisa e curadoria para exposições e publicações de arte. Atualmente desenvolve o projeto de pós-doutorado Arte Popular: modos de usar (PPGAH/UERJ/CNPQ), no qual se dedica ao tema nas décadas de 1970 e 80.

Com Tálisson Melo, curador, pesquisador e professor. Pós-doutorando no Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Doutor em sociologia e antropologia pela UFRJ, com estágio de pesquisa na Yale University, EUA. Mestre e bacharel em artes pela UFJF, com concentração em história da arte na Universidad de Salamanca, Espanha.