O curso apresenta a obra e o legado de mulheres negras sambistas para além dos palcos e do apagamento histórico de suas trajetórias imposto pelo machismo. As homenageadas – Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, Leci Brandão e Alcione – tem como ponto em comum de suas trajetórias a atuação protagonista como compositoras, intérpretes e instrumentistas, num tempo em que a presença das mulheres nas rodas de samba era relegada a um papel secundário, sem o devido reconhecimento de suas contribuições históricas para a memória, preservação e difusão desta expressão cultural pelo Brasil afora. Todos os encontros serão conduzidos em rodas de conversa, por meio da exposição dialogada dos conteúdos, imagens e vídeos históricos, tendo como princípio disparador as audições das músicas das artistas, proporcionando aos participantes um mergulho em suas histórias e movimentos. Compartilharemos o entendimento das possibilidades que o corpo nos permite no campo do sentir, ouvir, tocar, como estratégias de reinventar-se para novas formas de compreensão da nossa própria história.

Programa:
– Aula 1: Dona Ivone Lara. Contextualização sobre a História de Dona Ivone Lara como enfermeira e assistente social, destacando o seu pioneirismo na luta antimanicomial, como uma das precursoras na introdução da música no tratamento de pessoas em processo de adoecimento psíquico, ao lado de Nise da Silveira e Almir, problematizando o apagamento desses personagens e de suas contribuições na História da luta antimanicomial no Brasil.
– Aula 2: Jovelina Pérola Negra. Audição das músicas de Jovelina, apresentação da história do Partido Alto (suas divisões e métricas), e a participação das mulheres neste fazer do samba. Imersão coletiva na história, no pensamento e no olhar de Jovelina sobre a negritude, a juventude, o carnaval e a sociedade, destacando suas contribuições para a afirmação da nossa identidade.
– Aula 3: Alcione. Apresentação da trajetória de Alcione como intérprete e instrumentista, compreendendo sua versatilidade por entre os diversos gêneros musicais brasileiros, e as características principais do seu jeito de fazer samba. Compreensão sobre o seu modo de cantar cada música, seus graves e agudos nas interpretações, e toda a sua potência cantando os sambas enredos, além de conhecer os balanços dos instrumentos em sintonia com o corpo por meio de uma experimentação sensorial durante a audição.
– Aula 4: Leci Brandão. Reconhecimento da trajetória de Leci Brandão, destacando suas contribuições como compositora de samba. Audição das letras de Leci conectando os temas tratados em seus sambas com a sua história de luta política e social. Nos aprofundaremos na sua contribuição para a luta antirracista na sociedade brasileira, compreendendo como ela dialoga com as crianças e as juventudes e, através de suas letras, direcionar nossos olhares para a construção de um novo projeto político de país.

Com Tiganá Macedo, músico, educador e pesquisador da música afro-brasileira. Cursa Licenciatura em Música na Uni Sant’Anna. Iniciou seus estudos sonoros no Musicalis Núcleo de Música, com Iniciação Musical e Percussão Popular (2004). Como representante do Brasil (São Paulo), participou do Intercâmbio de Estudantes e Artistas da Globalização da Diáspora Africana, organizado pela African Diáspora Consortium, na cidade de New Orleans, nos Estados Unidos (2021). Integra a grade de professores da Fundação Dom Cabral – Escola Executiva de Finanças. Realiza a formação “Samba e os Sons da Resistência Ancestral Negra”, estabelecendo conexões de personalidades negras e suas potencialidades. Aprofunda estudos pedagógicos para auxiliar no aprendizado percussivo para crianças e adolescentes das regiões periféricas de SP.