Como o Atlântico Sul, que entrou pela fenda de Gondwana a 140 milhões de anos atrás, ou como a nuvem de areia que insiste em atravessar mais de 2 mil quilômetros do Saara até as Américas, ECOS DA SEPARAÇÃO alarga seu próprio tempo e território. O espetáculo solo da artista Inaê Moreira traz ao palco uma experiência sensorial através de fabulações sobre o tempo. Durante a performance ela cria relações poéticas com o N’goni, harpa oriunda da África Ocidental, enquanto a DJ Marta Supernova constrói paisagens sonoras em tempo real. A cena é preenchida por danças que se manifestam com e para além da matéria, permitindo que o público crie intimidade com o invisível, e entre em contato com uma imaginação negra radical.

Em ECOS DA SEPARAÇÃO a fusão de linguagens artísticas – corpo, imagem, som e escrita performativa – transformam o palco em um espaço onde as fronteiras entre tempo, território e identidade se dissolvem, permitindo ao público vivenciar, através do sensorial, a profundidade das histórias de reconexão que compõem a obra.

Durante o espetáculo, a artista sonora Marta Supernova realiza performance ao vivo, em constante diálogo com as danças de Inaê. Ao abordar as distâncias geográficas, históricas e temporais vividas por corpos negros, a obra, que questiona fronteiras e limites criados pela colonialidade, apresenta-se como um ritual de cura e reconexão, onde o corpo torna-se território de cuidado e celebração da memória.

FICHA TÉCNICA
Direção Geral, Criação e Performance: Inaê Moreira
Criação e Performance Sonora: Marta Supernova
Direção de Cena: Carmen Luz
Direção de Arte: Felipa Damasco
Colaboração artística: Davi Pontes
Preparação Corporal: Tieta Macau
Desenho de Luz e operação: Brisa Lima
Sonoplastia especial: Gê Vasconcelos
Contrarregragem: Wanderley Wagner e Rafael Wagner
Produção: Rafael Ferro
Assistência de produção: Jandilson Vieira