Uma primeira espiral é montada com folhas do verde ao marrom seco, com deposição cênica* de uma essência -gesto que evoca a comunicação das formigas. A essência acaba, gerando a espiral da morte (fenômeno de interrupção de cheiro e memórias entre os insetos, e entre povos indígenas em diáspora no Brasil). Em convite à retroalimentação da Mata, uma outra espiral é aberta, como em renovação de ciclo. O que podemos aprender com as formigas sobre diversidade de Vida e a história dos povos indígenas nos mundos? O recomeço do giro remete às trocas e tecnologias de memórias asseguradas por indígenas por entre séculos de apagamento histórico no Brasil.

“Espiral da Morte” estreou em 2022 na 8ª edição do MITSp (MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo), com curadoria de Dodi Leal. Já foi apresentada também no Center for Art, Research and Alliances, em Nova York (EUA), e The Power Plant Contemporary Art Gallery, em Toronto (CA). Na abertura de sua individual “Aqui Estamos”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro 2022 (MAM-Rio), a performance foi apresentada pela segunda vez no Brasil.

Sobre Uýra:
Indígena da Amazônia Central. É bióloga, mestra em Ecologia, e atua como artista visual, arte educadora e pesquisadora. Mora em Manaus, território industrial no meio da Floresta, onde se transforma para viver uma árvore que anda. Destaque da 34º Bienal de SP, Bienal Manifesta! e vencedora do Prêmio PIPA 2022, Uýra utiliza o corpo como suporte para narrar histórias de diferentes Naturezas via fotoperformance, performance e instalações. A partir da paisagem Cidade-Floresta, se interessa pelos sistemas vivos e suas violações, com ênfase na diversidade, resistência e memória da diáspora indígena. Possui obras em acervos de instituições, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte de Los Angeles (EUA) e Museu de Arte Contemporânea Castello Di Rivolli (Itália).