No mês de junho, o projeto Retomadas, do Sesc Pompeia, apresenta o documentário “Raízes Indígenas da Favela”, seguido de um bate-papo com Day Moreira, Chirley Pankará, Brisa Flow e mediação de Naia Vitória.

O filme “Raízes Indígenas da Favela” é um registro de uma parte da história de luta de tantos indígenas do Nordeste em diáspora, que construíram suas moradas nas margens da grande metrópole que é São Paulo — onde muitos povos resistem para manter suas culturas. Apesar de enfrentarem uma dispersão étnica forçada, esses grupos encontraram resiliência e força, contribuindo significativamente para a construção e o desenvolvimento da capital do estado mais rico do Brasil. A narrativa é enriquecida com depoimentos de líderes e ativistas indígenas, como Casé Angatu, Day Moreira, Letycia Rendy Yobá, Maria Pankararé e Vanusa Kaimbé, que compartilham suas histórias e desafios, oferecendo uma perspectiva única sobre a luta pela visibilidade e pelos direitos indígenas.

Day Moreira é mãe, indígena em retomada Tabajara, moradora da ZN-SP. É historiadora, produtora cultural e articuladora territorial. Co-organizadora da ocupação Casa Cultural Hip Hop Jaçanã, é cofundadora da Horta Comunitária Mãe Terra. Atua, cria e executa produção de programação cultural na ocupa e na cidade, além de ser comunicadora na TV Tamuya. É militante das causas indígenas, da educação pública e das culturas periféricas.

Chirley Pankará é educadora, ativista e liderança indígena do povo Pankará, nascida em Floresta (PE) e radicada na Grande São Paulo desde 1998. Mestre em Educação (PUC-SP) e doutoranda em Antropologia (USP), atua na defesa dos direitos indígenas em contextos urbanos. Já coordenou projetos em aldeias Guarani, trabalhou no CECI e integra a Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas. Em 2018, tornou-se a primeira co-deputada indígena na Assembleia Legislativa de São Paulo pelo PSOL, destacando-se pela criação do “Agosto Indígena” e pela luta por território, educação e equidade.

Brisa Flow é artista indígena, rapper, cantora e produtora musical, filha de chilenos mapuche. Nascida em Minas Gerais e radicada em São Paulo, une rap, cantos ancestrais e futurismo indígena em sua obra. Foi a primeira artista indígena a se apresentar no Lollapalooza Brasil e é referência na arte como resistência e afirmação cultural.

Naia Vitória é Kariri, cientista social pela Universidade Federal de São Carlos, produtora e gerente de comunicação da Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil. É fundadora da RUA Consultoria Sociocultural e já teve seu trabalho reconhecido pela Universidad de Mendoza, sendo convidada para apresentá-lo na Argentina a doutores que pesquisam a questão indígena na América Latina. Foi uma das 50 jovens escolhidas pela ONU para ser Embaixadora da Juventude. Cresceu entre a aldeia e a favela, e sua família migrou para São Paulo fugindo da seca e do trabalho semi-escravo nas fazendas de algodão na Paraíba. Documentou a história de famílias indígenas que construíram as favelas de São Paulo no documentário “Raízes Indígenas da Favela”.

O projeto Retomadas nasce com a preocupação de ampliar e dar visibilidade, a partir de múltiplas linguagens artísticas e acadêmicas, às questões ambientais e as pautas indígenas e das comunidades tradicionais. Desde abril o projeto tem desenvolvido diversas ações trazendo povos indígenas e comunidades quilombolas para ocupar a unidade com cursos e oficinas. Em 2025 o projeto tem como tema Reflorestar a cidade, retomar a floresta procurando se aprofundar as relações dos indígenas aldeados e não aldeados com a cidade os territórios que habitam.

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