O curso tem como proposta expor e examinar elementos estéticos ligados à cidade de São Paulo e a produção cinematográfica paulistana. O conceito de deriva surge em algumas das imagens criadas nas narrativas dos filmes que serão analisadas compreendendo a chegada de novas tecnologias que promoveram registros de imagens que de outro modo jamais seriam possíveis.
Os aspectos da cidade e os personagens dos filmes serão examinados com base nos princípios filosóficos das mudanças que as metrópoles passaram durante suas transições para o avanço do capitalismo. Serão abordados alguns dos conceitos do filósofo Walter Benjamin, do arquiteto e acadêmico Francesco Careri entre outros.

A figura do flâneur na cidade é a consequência do imprevisto, ou seja, o acaso provocado pelas transformações na cidade. O flâneur pode ser um artista urbano, um personagem para além daquele que apenas observa as transformações por onde passa. A partir das caminhadas estéticas, houve mudanças que foram consideradas um marco, uma chave para a performance. A concepção de uma nova cidade ficou suspensa diante do poder da negatividade da arte em relação à estetização do design, ou seja, alteridade de mundo. Existiu um impasse na representação desse novo mundo criado pela expectativa do progresso. Em contrapartida, a arte moderna deixou de ficar confinada na convenção a partir do surgimento de novas linguagens.
A filmografia abordada neste curso: “São Paulo, S/A” (1965), Luís Sérgio Person, “O bandido da Luz Vermelha” (1968), Rogério Sganzerla, “Sábado” (1995), Ugo Giorgetti e “O Palhaço, Deserto” (2021), Patrícia Lobo.

Programa:

10/07 – Estética x Política – A partir da figura do flâneur e o conceito de partilha do sensível serão discutidos os avanços capitalistas e especificamente a chegada da indústria automobilística.
Análise Fílmica e Entrega do Dossiê – Filme: “São Paulo, S/A” (1965) – Luís Sérgio Person.

17/07 – Estética x Violência – A vontade de potência fundada no próprio desejo transgressor. O poder de uma imagem.
Análise Fílmica e Entrega do Dossiê – Filme: “O bandido da Luz Vermelha” (1968), Rogério Sganzerla.

24/07 – Arte x Política – Das contradições das classes sociais e seus territórios. A memória e o esvaziamento da vida do centro histórico da cidade. Do marco da arquitetura à eterna questão de classes.
Análise Fílmica e Entrega do Dossiê – Filme: “Sábado” (1995), Ugo Giorgetti.

31/07 – Cinema x Política – O personagem Cidadão, poderia ser um flâneur em suas caminhadas estéticas por lugares icônicos da cidade de São Paulo. Um palhaço que se aposenta é contraditório, e ele assistir as manifestações nas ruas da cidade como consequência do Golpe que a presidente Dilma Rousseff sofreu é mais contraditório ainda.
Estudo de Caso e Entrega do Dossiê – Filme: “O Palhaço, Deserto” (2021), Patrícia Lobo.

Com Patrícia Lobo, artista, cineasta, pesquisadora e professora. Seu primeiro longa-metragem “O Palhaço, Deserto”, foi lançado oficialmente em 2021. Em 2024 lançou seu primeiro documentário “Resistentes”. Dirigiu o videoclipe “Streets Bloom”, em 2017, do artista Lucas Santtana. É formada em Comunicação Social e mestra em Artes pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Atualmente, dedica-se ao projeto de doutorado em filosofia.