O Sarau LibertArte é uma atividade literomusical realizada por cinco mulheres negras imigrantes da África do Sul, de Angola e da Venezuela. Elas apresentam poemas autorais que falam de suas raízes, das tradições de seus países e de suas experiências no Brasil. Além dos poemas, apresentam também canções africanas e sul-americanas. As cinco artistas são egressas do sistema penitenciário, sendo a liberdade o tema mais caro e recorrente do sarau. As experiências vividas no cárcere perpassam a atividade, carregando o espetáculo de emoção.

O Sarau LibertArte teve início na Penitenciária Feminina da Capital (PFC), onde, entre 2015 e 2019, os Poetas do Tietê, convidados por outros projetos culturais, realizaram uma oficina semanal de leitura e escrita com as mulheres que, na época, eram chamadas de “reeducandas”. Hoje, já em liberdade, essas mulheres se tornaram poetas e cantoras e, ao procurarem o coletivo, passaram a idealizar o sarau como protagonistas.

Mirian Cambolo (Mirian Baião Cambolo), é angolana, poeta, ativista negra, ilustradora, artista plástica e artesã. Descobriu-se artista no cárcere, está em liberdade há 4 anos e é um exemplo de como a arte pode transformar a vida das pessoas e resgatar um potencial que muitas vezes está adormecido. Mirian tem participado de palestras, publicações de poesia e de projetos como artista plástica e ilustradora. Como poeta, acaba de lançar seu primeiro livro solo, “Minha Voz”, pelo selo Edições do Tietê.

Clarah Swatson (Clarah Sibongile Parker-Swatson) é natural da África do Sul e ingressou nos Poetas do Tietê pela oficina de escrita e leitura realizada dentro da Penitenciária Feminina da Capital. Ao deixar o cárcere, Clarah voltou aos projetos culturais dos Poetas do Tietê e do Projeto LibertArte, apresentando-se com o coletivo em saraus em bibliotecas públicas e escolas durante os últimos dois anos. Clarah tem 58 anos, viveu o regime do apartheid na África do Sul. Clarah tem uma voz poderosa e envolvente. Ela diz que em seu país ninguém sabe o que é viver sem música e que ela nasceu cantora. Acaba de lançar o livro “Minha Jornada”, pelo selo Edições do Tietê.

Aykathrine (Irina Teófilo Pires) é natural de Angola, mãe solo, escritora, cantora, percussionista e artista visual. Foi no cárcere que Irina começou a escrever e publicou, a convite da Embaixada de Angola, alguns artigos para a revista “Angola Yetu”. Enfim, liberta, ingressou no Projeto LibertArte e foi ganhando espaço e importância nas apresentações do grupo, com seu domínio do ritmo do atabaque e sua voz marcante. Acaba de lançar o livro “Verbo Rasgado”, pelo selo Edições do Tietê.

Boni Metiso (Bonisiwe Nomsa Metiso) nasceu em 1990 em Pretória, África do Sul. Em 1997 mudou-se para Suazilândia, hoje Eswatini, isso foi marcante em sua vida, pois lá ouviu muitas histórias de sua avó. Boni veio para o Brasil em 2019, quando foi presa e conheceu o coletivo Poetas do Tietê. Nos encontros com o coletivo, a arte entrou em sua vida, começou a cantar e a escrever seus poemas. Nunca mais parou, a poesia e a música correm em suas veias.

Vanessa Páez (Nulvia Vanessa Pacheco Páez) é natural da Venezuela; seu encantamento com a arte se deu ainda na infância, pois nasceu em uma família de músicos e desde criança participava das “parrandas” (festas folclóricas) de Barlovento, sua região, cantando em corais e dançando. Ainda no cárcere, na Penitenciária Feminina da Capital, em 2016, Vanessa publicou seus primeiros trabalhos. Vanessa canta, é percussionista e dançarina, destacando-se especialmente nas canções e danças folclóricas venezuelanas.

Direção artística: Cissa Lourenço
Artistas: Mirian Cambolo, Clarah Swatson, Aykathrine, Boni Metiso e Vanessa Páez