Com participação de estudantes indígenas, pesquisadores e condução do professor doutor Wilmar D’Angelis, do Departamento de Linguística da Unicamp.
O Brasil é um país multilíngue, embora muita gente pense que aqui só se fala o português. Atualmente, há em torno de 160 línguas indígenas faladas no Brasil, transmitidas pela oralidade de geração em geração. Para jogar uma luz sobre essa questão, o Sesc Campinas promove o “Ciclo Línguas Indígenas no Brasil”, uma série de oito encontros de contextualização e vivências para conhecer mais sobre algumas línguas indígenas em nosso país. Toda a programação é gratuita.
Confira a programação completa.
Esse ciclo de encontros busca contribuir para que as pessoas possam conhecer um pouco mais dessa riqueza e da história do extermínio de cerca de mil povos indígenas ao longo de cinco séculos de presença e expansão da sociedade ocidental nas terras do Brasil.
Entre os palestrantes, o ciclo conta com cinco acadêmicos indígenas abordando seis línguas ancestrais diferentes, para que os participantes tenham também uma experiência sensorial concreta de ouvir, ler e pronunciar as línguas de, pelo menos, quatro famílias linguísticas diferentes, e conhecer um pouco de suas narrativas tradicionais. O ciclo é conduzido pelo Prof. Dr. Wilmar D’Angelis, do Departamento de Linguística da Unicamp e grupo de Pesquisa Indiomas, com participação de pesquisadores/as convidados/as e estudantes indígenas da Unicamp.
“Na cultura Waurá, todos os membros da comunidade ainda se reúnem no centro da aldeia, ao final da tarde, onde, antigamente, eram contadas histórias especificamente para as crianças. As narrativas orais que as famílias do povo Waujá contam para seus filhos da oralidade, que é a forma de educar as crianças tradicionalmente na cultura. Por isso que é importante para nós não perder nossa língua, cada vez mais os anciões passando para gerações”, afirma Mawanaya Waurá, da comunidade Wauja, da Terra Indígena do Xingu (MT).
A série de encontros começa neste sábado, dia 6/5, e segue até 24/6, todos os sábados, das 15h às 18h, no Sesc Campinas. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público em geral. As inscrições são limitadas no local e no horário do início da atividade. O primeiro encontro tem como tema “As Diferenças Linguísticas no Brasil dos Povos Originários” (Dia 6/5, sábado, das 15h às 18h, na Sala de Atividades 4. Grátis, 14 anos). Sob coordenação do professor Wilmar D’Angelis, o encontro apresentará a proposta do ciclo, abordará a milenar presença humana na América do Sul e a constituição das diferenças linguísticas no Brasil dos povos originários, a partir do tema: “As línguas indígenas no Brasil: quantas eram e quantas são? O que sabemos de seu parentesco?”.
Para D’Angelis é importante o Sesc abrir esse espaço, uma forma de contribuir para que as pessoas percebam o mundo de outra maneira. “O Ciclo de Línguas Indígenas no Brasil é uma forma, primeiro, de reconhecer a grande riqueza cultural e linguística do Brasil, uma das maiores do mundo. O Brasil é um país multicultural, multilíngue. Temos cerca de 160 línguas indígenas faladas no Brasil hoje. Esse ciclo vem valorizar a riqueza dessa diversidade”, afirma. Segundo ele, a maioria da população desconhece a realidade dos povos indígenas.
O professor D’Angelis lembra que na época do descobrimento, havia em torno de 1.200 línguas indígenas no Brasil. Atualmente, a estimativa é que seja 160 o número de línguas que possuem comunidades de falantes no país, segundo dados do último levantamento feito pelo professor Aryon Rodrigues (1925-2014), um dos mais renomados pesquisadores de línguas indígenas do Brasil.
E a tendência é desse número diminuir ainda mais. “Quando se perde uma língua indígena, perde-se, também, toda uma cultura, toda a identidade de uma nação, de um povo”, aponta Juracilda Veiga, coordenadora geral da ONG Kamuri, associação sem fins lucrativos que realiza ações ambientais, culturais e educacionais junto às comunidades indígenas.
Juracilda lembra que para chamar a atenção mundial sobre a situação crítica de muitas línguas em risco de desaparecimento e a necessidade de preservá-las para as gerações futuras, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) proclamou o período entre 2022 e 2032 como a Década Internacional das Línguas Indígenas.
As Diferenças Linguísticas no Brasil dos Povos Originários
Dia 6/5, sábado, das 15h às 18h, na Sala de Atividades 4.
O encontro apresentará a proposta do ciclo e abordará a milenar presença humana na América do Sul: a constituição das diferenças linguísticas no Brasil dos povos originários. As línguas indígenas no Brasil: quantas eram e quantas são? O que sabemos de seu parentesco? Com Prof. Dr. Wilmar D’Angelis, do Departamento de Linguística da Unicamp e grupo de Pesquisa Indiomas.
Línguas Indígenas no Brasil
Dia 13/5, sábado, das 15h às 18h Sala de Atividades 4.
O encontro irá abordar as políticas linguísticas das metrópoles europeias (Portugal, Espanha, França, Holanda) com menção às línguas gerais; o conceito de “frentes de expansão” de Darcy Ribeiro, e seu distinto impacto sobre as populações indígenas; a ocupação paulatina dos territórios indígenas pelas frentes de expansão econômica, no Brasil, até fins do século XX. Além disso, também trará o tema da Incorporação da população indígena (e suas línguas) na população brasileira. Com Prof. Dr. Wilmar D’Angelis.
As Línguas Gerais no Brasil – Nheengatu
Dia 20/5, sábado, das 15h às 18h, na Sala de Atividades 4.
Este encontro trará o tema do “alçamento” do Tupi à condição de Língua Geral, e seus diferentes desenvolvimentos no Sul-Sudeste, no Leste-Nordeste e no Norte do Brasil; o Guarani, língua geral no “Brasil Espanhol”, até o século XIX. Na segunda parte, será abordada e vivenciada a língua Nheengatu, o panorama histórico de sua constituição, suas principais fontes, informações linguísticas e como ele está disponível nos smartphones. Condução de Cauã Nóbrega da Cruz, da Comunidade Borari, de Santarém (PA), e Prof. Dr. Wilmar D’Angelis.
Conhecendo Uma Língua do Tronco Tupi – O Nhandewa-Guarani
Dia 27/5, sábado, das 15h às 18h, na Sala de Atividades 4.
O encontro trará a oportunidade dos participantes vivenciarem um panorama da língua Nhandewa-Guarani: sintaxe, literatura e léxico. Além disso, abordará a dispersão das línguas do tronco Tupi, e da família Tupi-Guarani na América do Sul. Com Vanderson Lourenço, mestrando em Linguística, do IEL e integrante da Comunidade da Aldeia Nimuendajú, Terra Indígena Araribá (SP); e Fabiana Raquel Leite, pesquisadora da ONG Kamuri.
Conhecendo Outras Famílias Linguísticas Brasileiras
Dias 3 e 10/6, sábados, das 15h às 18h, na Sala de Atividades 4.
Os encontros trarão a oportunidade de conhecer e experimentar a língua Kuikuro (família Karib); Wauja (família Aruak); a língua Tukano e sua família e o o Kaingang e sua família Jê. Com Ahuaugu Kuikuro, da Comunidade da Aldeia Afukuri, Terra Indígena Xingu (MT); Mawanaya Waura, da Comunidade Wauja, Terra Indígena Xingu (MT); Verinha Ye’pa Mahsõ , da Comunidade Marakajá, de São Gabriel da Cachoeira (AM); Angel Corbera Mori e Prof. Dr. Wilmar D’Angelis.
As Línguas Indígenas no Brasil Hoje
Dia 17/6, sábado, das 15h às 18h, na Sala de Atividades 4.
Encontro abordará as línguas indígenas hoje sobreviventes no Brasil, seu parentesco (famílias e troncos), sua demografia e sua situação sociolinguística. Com Prof. Dr. Wilmar D’Angelis.
O Tupi na Geografia Nacional
Dia 24/6, sábado, das 15h às 18h Sala de Atividades 4.
O último encontro abordará os períodos e as ondas de nomeação Tupi na toponímia brasileira, apresentará maneiras de reconhecer topônimos tupi autênticos e forjados e de ler topônimos tupi. Com Prof. Dr. Wilmar D’Angelis.
Para todos os encontros, as inscrições são limitadas, no local e no horário do início da atividade.
Acompanhe também nossa programação de cinema, com exibição gratuita de quatro filmes que traçam um panorama da diversidade e da problemática dos povos indígenas no Brasil contemporâneo.
A programação em música traz show gratuito da rapper, compositora e ativista da causa indígena, Katú Mirim.
Utilizamos cookies essenciais, de acordo com a nossa Política de Privacidade, para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.