
A afirmação é da educadora físico-esportiva do Sesc, Valquíria Vasconcelos, que defende a importância do movimento não apenas como prática corporal, mas como uma ferramenta de cuidado integral com a saúde da pessoa idosa. Mais do que manter o corpo em movimento, ela destaca que a atividade física desempenha um papel fundamental na preservação da autonomia, prevenção de quedas e fortalecimento muscular, aspectos indispensáveis para as atividades do dia a dia de quem está envelhecendo.
Segundo Valquíria, “a importância do movimento para a pessoa idosa vai além da biomecânica”, pois o corpo carrega significados afetivos, históricos e emocionais. Por isso, é fundamental que cada exercício respeite a memória corporal e a experiência de vida da pessoa idosa.
Dona Cida, 88 anos – Programa de Ginástica Multifuncional do Sesc Pinheiros
“O fortalecimento muscular e o equilíbrio são componentes fundamentais para evitar as quedas, que representam um dos maiores riscos à saúde nessa fase da vida”, explica. O exercício regular não apenas melhora a força, mas também a flexibilidade e a coordenação motora, promovendo mais segurança, confiança e controle postural. Isso facilita atividades cotidianas como caminhar, subir escadas ou levantar-se de uma cadeira com independência.
Além dos efeitos físicos, a prática também é aliada da mente. “A atividade física tem impacto direto na saúde emocional e cognitiva da pessoa idosa.” Ela ajuda na redução dos sintomas de depressão, ansiedade e no combate ao declínio cognitivo, além de estimular a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se adaptar e aprender. Outros benefícios incluem melhora do sono e fortalecimento dos vínculos sociais, fundamentais para o bem-estar nessa etapa da vida.
“A autonomia é um dos maiores tesouros do envelhecimento saudável.” Quando a pessoa idosa consegue realizar sozinha tarefas simples como caminhar até a cozinha ou cuidar da própria higiene, ela experimenta uma sensação de liberdade e dignidade que fortalece sua autoestima e seu senso de pertencimento.
Outro aspecto essencial, segundo a educadora, é a socialização. “A atividade física, muitas vezes, é a porta de entrada para uma vida social mais ativa e engajada.” A convivência em grupo promove o sentimento de pertencimento e ajuda a combater o isolamento social, comum entre os idosos.
Elcio, 84 anos – Programa de Ginástica Multifuncional do Sesc Pinheiros
A abordagem ideal deve ser individualizada e centrada nas necessidades, limitações e histórias de cada pessoa. “A atividade física não deve ser vista apenas como exercício, mas como cuidado integral.” Para isso, a escuta ativa é fundamental.
“Ouvir atentamente as experiências, limitações e desejos pessoais da pessoa idosa permite o planejamento de atividades mais significativas e personalizadas.” O objetivo é que o exercício seja uma oportunidade de prazer, autonomia e reconexão com o próprio corpo, e não uma obrigação.
O foco continua sendo o fortalecimento físico, mas com ênfase também no desenvolvimento da confiança no próprio corpo. A prevenção de quedas é trabalhada com exercícios que estimulam o controle postural, a consciência corporal e a adaptação dos movimentos às capacidades individuais.
Além dos aspectos motores, Valquíria defende a inclusão de elementos que ativem a memória afetiva. “Trabalhar com músicas, danças ou jogos familiares resgata momentos significativos e fortalece a socialização.” Isso ajuda a revigorar a autoestima e promove bem-estar emocional.
“Em resumo, a atividade física para o público 60+ deve equilibrar aspectos motores, cognitivos e emocionais.”Tanto a escuta atenta quanto o trabalho físico são fundamentais para que o exercício se torne um meio de reconexão consigo mesmo e com a vida, promovendo saúde, bem-estar e qualidade de vida.
Martinha, 90 anos – Programa de Ginástica Multifuncional do Sesc Pinheiros
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