Por uma relação incômoda com a loucura

27/08/2012

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Por André Ricardo Nader

Resenha do livro: SCULL, Andrew. Loucura na civilização: uma história
cultural da insanidade. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2023.
Qual a função de olhar para o passado e conhecer a história daqueles
que nos antecederam? A resposta a essa questão determina o modo como
leremos o livro Loucura na civilização: uma história cultural da insanidade
(2023) e como, por essa obra, seremos atravessados. Ela é escrita pelo
sociólogo britânico Andrew Scull, que, ao trazer as diferentes maneiras
pelas quais a loucura foi interpretada ao longo da história, diz muito sobre
nossa atualidade – pelo menos para aqueles que ainda acreditam que
o passado fala sobre o presente.
Vivemos em uma época e em uma cultura nas quais a história tem
um peso ínfimo, pois o que é elevado à categoria daquilo que importa é o
presente: nossas atitudes, nossas crenças e nossas percepções atuais seriam
as únicas coisas que nos definiriam. Nada mais reducionista, mas,
infelizmente, nada mais “verdadeiro” para definir o modo como nos subjetivamos
nos dias atuais.
Existem diversas formas de nos afastarmos de uma relação com a história,
das mais extremas às mais sutis. Do lado mais extremo, vemos
atitudes de simples negação de certos acontecimentos históricos, como o
holocausto, a escravidão ou a ditadura militar: atitudes conhecidas como
negacionismo histórico. No campo das sutilezas, outro modo de afastamento
não nega totalmente a história, mas a utiliza apenas para pensar o
outro – para apontar suas inconsistências, suas contradições e revelar sua
face sombria, ou seja, para denunciá-lo. Há aqui uma forma de apagamento,
já que elementos do passado que poderiam servir para questionar nossas
inconsistências e contradições, nosso lado sombrio, ficam silenciados; a
história que valeria ser contada seria apenas aquela de nossos sucessos ou
de nosso progresso. Nesse caso, portanto, a história serviria apenas como
forma de exaltação ou como arma para denunciar o outro, perdendo parte
de seu potencial transformador. Permitir que ocorra o encontro com aquilo
que, em nós, nos descentra e nos coloca em dúvida é poder usufruir da
força transformativa desse encontro: tarefa por vezes dolorosa, mas, sem
dúvida, fundamental.
(…)

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