A 13ª edição da Mostra Pétala por Pétala valoriza saberes e práticas que promovem a regeneração e a preservação socioambiental.

A mostra é uma realização do Sesc São Paulo com apoio do Consulado Geral da Alemanha em São Paulo.

Em sua 13ª edição, a mostra de práticas socioambientais Pétala por Pétala convida o público a refletir sobre o tema “Pisar a Terra”, evocando a urgência de repensarmos nossa relação com esse elemento essencial à vida. Mais do que recurso natural, a terra é um organismo vivo, base da biodiversidade e espaço comum de convivência entre seres humanos e não humanos.

A proposta desta edição é ampliar o debate sobre as problemáticas socioambientais que marcam nosso tempo, da concentração de terras em grandes latifúndios à monocultura, do uso intensivo de agrotóxicos ao desmatamento, das áreas degradadas pela mineração aos impactos de grandes empreendimentos energéticos. Esses processos, herdeiros de um modelo colonial e predatório, têm como resultado a perda da fertilidade do solo, a contaminação das águas, a emissão de carbono e a redução drástica da biodiversidade.

“Fui criado numa casa de chão batido, onde andava descalço.

As galinhas e os outros animais conviviam conosco dentro de casa.

Quando uma galinha estercava na casa de chão batido,

a parte úmida do esterco,

das fezes da galinha, era absorvida pela terra.

Tirávamos a parte sólida e jogávamos no quintal para servir de adubo.

Para o povo da cidade, isso é um horror.

Pisar as fezes da galinha? Impossível!

Tem que ter uma cerâmica bem lisinha para poder

enxergar qualquer outra vida,

qualquer outro vivente que estiver ali, para poder desinfetar e

matar qualquer microrganismo.

Matar até o que não se vê. 

Para andar descalço, é preciso desinfetar o chão:

a cerâmica foi criada porque os humanos não

podem pisar a terra.

Os calçados foram criados porque os humanos não podem pisar a 

terra. Porque a terra é o anseio original.”

Nego Bispo, A Terra Dá a Terra Quer. 

O evento propõe caminhos de reconexão. O gesto simples de tocar o solo com os pés descalços ou moldar o barro pode ser o início de uma transformação que também passa pelo reconhecimento de saberes ancestrais, práticas comunitárias, tecnologias sociais e pesquisas que resgatam a terra como espaço de vida e não apenas como mercadoria. É nesse sentido que “Pisar a Terra” se torna convite: escutar a fala dos povos originários e diaspóricos, compreender cosmopercepções diversas, abrir espaço para futuros possíveis.

A edição de 2025 está organizada em três eixos de reflexão:

Chão Batido – que aborda modos de vida e relações de pertencimento, expressos nos quintais, terreiros, tekoas, nas práticas de cura, de alimentação e de bem viver;

Solo Vivo – que destaca os desafios ecológicos e as práticas de manejo sustentável, valorizando os seres que habitam e regeneram o solo;

Vozes da Terra – que traz a dimensão histórica e simbólica da terra como guardiã de memórias, transformações e saberes.

Ao reunir iniciativas, grupos e comunidades de diferentes contextos, urbano, rural, periférico e florestal, a Mostra Pétala por Pétala: Pisar a Terra reforça a importância de reconhecer e difundir práticas que preservem a terra e contribuam para sua regeneração. Uma programação cultural, esta edição reafirma o compromisso do Sesc Interlagos em promover diálogos que aproximem ciência, cultura e comunidade, valorizando a terra como fundamento de existência, memória e futuro.

A programação inclui a Feira de Práticas Socioambientais, apresentações artísticas e atividades diversas, entre elas oficinas de bioconstrução, culinária tradicional e agroecologia, rodas de conversa sobre acesso à terra e regeneração ambiental, além de intervenções culturais e apresentações musicais, como a apresentação da Escola de Samba Vai-Vai e o Quilombo de São Pedro.

Conheça a programação completa em: sescsp.org.br/petalaporpetala

Clique na imagem abaixo e confira o livreto do Pétala por Pétala: Pisar a Terra

Realização do Sesc São Paulo com apoio do Consulado Geral da Alemanha em São Paulo .