Tecendo memórias

22/09/2025

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Um grupo de mulheres se reuniu no Espaço de Tecnologias e Artes do Sesc Guarulhos com um único propósito: produzir mantas a partir de quadradinhos de crochê para doar a instituições sem fins lucrativos que existem na cidade. Assim, conduzidos por Isabelle Bianchi, uma das educadoras do Espaço, formou-se o Tecer Comunitário. “Ele (o tecer) começou de forma independente. Durante a atividade Entre Agulhas e Costuras, surgiu o interesse em produzir quadradinhos de crochê que se tornariam mantas, para depois doarem.”, diz a educadora. 

O Tecer Comunitário ocorreu entre os meses de março e junho de 2025 e contou com a participação de mais de 60 pessoas. Isabelle conta que, em um certo momento, o projeto tornou-se uma ação dentro e fora da unidade: ” As pessoas começaram a fazer quadrados e trazer pra gente, e a gente emendando. (…) Tem muita gente de fora, é além do Sesc.”. Colaboraram também, três Educadoras de Tecnologias e Artes de outras unidades: Daniela Fonseca (Sesc Santo André), Joice Feitosa (Sesc Santana) e Patrícia Campos (Sesc Florêncio de Abreu), que confeccionaram quadradinhos e participaram de alguns dos encontros. 

Tecer Comunitário, ministrado por Isabelle Bianchi, do ETA, entre março e junho de 2025. (Foto: acervo pessoal)

O crochê é uma técnica de artesanato manual, que utiliza uma agulha com gancho na ponta, para entrelaçar o fio e criar, a partir de correntinhas e pontos altos e baixos, uma variedade de produtos, como a manta. 

A ideia de produzir mantas vem da coletividade e colaboração. Cada pessoa pode ser responsável pela produção de um quadradinho e, quando unidos pelo “biquinho”, tornam-se uma peça única, porém, produzida por diversas mãos. Para construir este coletivo, ela conta que a ideia era que as participantes compartilhassem saberes e experiências. ” No final, elas fizeram algo muito maior. Elas se ensinaram. Tinha gente que não sabia fazer crochê, mas elas mesmas ensinaram a pessoa a fazer, e hoje elas fazem de forma independente.”. 

Durante os meses da ação, foram propostas atividades integradas ao projeto: Entalhe de Agulha de Crochê em março, Introdução ao Crochê em abril, e Quadradinho de Crochê em maio. Entre a produção das peças, as participantes puderam participar dos cursos para aperfeiçoarem suas técnicas. Isabelle relembra um dos desafios enfrentados durante este processo: “O Artesanato Chave veio fazer os quadradinhos de crochê. É um grupo de 5 homens, e foi uma quebra de estereótipo pra elas. ‘Homem fazendo crochê? Será que homem também pode fazer crochê?’ Tudo o que eu tentei pra tirar elas da zona de conforto, eu fiz, e funcionou.”. 

No fim do processo, foram produzidas 115 mantas, entregues em julho e agosto às pessoas de vulnerabilidade social que se encontravam em duas instituições parceiras com o Relacionamento Institucional do Sesc Guarulhos. A educadora relembra que as próprias crocheteiras participaram deste momento e percebeu a emoção de cada uma. “Elas foram e tiveram um choque de realidade. Entendem que o mundo não é só aquele mundo pequenininho em que elas vivem, tem um mundo gigante lá fora.”. 

O projeto foi além de uma ação comunitária e tornou-se um símbolo de união e coletividade para cada um presente. Muitas participantes relataram que, a partir do Tecer, criaram um vínculo que antes não existia. Hoje, mesmo após o fim do projeto, elas se encontram para conversar, tomar um café e, é claro, crochetar. Além disso, se sentiram úteis, com um novo propósito de vida, onde além de artesãs, se tornaram artistas.  

Isabelle Bianchi conta mais sobre o Tecer Comunitário na entrevista a seguir:  

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